POEMACRÔNICA DE DUAS FACES

Não dá para engoliR$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$...

O velho discuR$o do apoio à cultura deteriorou-se de vez.

Agora é sério, a gota que faltava cair, espatifou-se.

Nascerá melhor ocasião de fazer um instrumento cultural tão forte

chegar ao coração do jovem sem tirar-lhe da boca o pão!?

Não sei o que as ações têm contra as promessas,

mas não é fácil vê-las em acordo!

Coisas como esta é que teriam influenciado alguém a dizer:

“Tenho sede do sinal dos homens raros”.

O fato é que um dia, vendo as novidades em livros, e com pretensão de adquirir alguma literatura, encontrei em uma prateleira um livro bem espesso.

Virei a capa, e estava escrito a lápis em um canto seu: R$ 190,00. E$tRemeci.

Muito dinheiro, para meu bolso Ra$o, e para o de quase todos de Lorena e do Brasil.

Muito dinheiro, não pelo que continha o livro,

pois, a avaliar pelo conteúdo, estimei-o muito barato, e até multiplicaria por cem o valor estipulado, para ver se assim a realidade da obra seria contemplada por importância monetária mais ou menos justa.

Babava, passando os olhos sobre as páginas.

Muito dinheiro, para meu bolso pobre.

Como supor que um trabalho com o fim de instruir, edificar, pudesse arruinar?!

Em meu estado, no entanto, comprando ou não, me de$tRuía.

Derrotado, baixei a cabeça e sai, deixando para trás uma preciosidade,

e vim escrever estas linhas.

Quem sabe um dia, quando a vida melhorar, poderei tirá-lo da prateleira da livraria e levá-lo, triunfante, como quem leva ouro, para a estante de minha casa.

Estão em jogo meu deleite, meu enlevo espiritual e o de meus entes,

visto tratar-se do lançamento "Poesia Completa" de Drummond (publicado pelo centenário do poeta).

A poesia de Drummond não é apenas poesia.

É filosofia, é vida.

E não é só filosofia e vida, é fina poesia.

Tens “sede do sinal dos homens raros”, Drummond, e não és um deles...

És raríssimo, homem!

(Criado pelo centenário de Drummond)