Dia azarado

01/09/05

O Dia Azarado

Harison, aos olhos dos vizinhos, era um menino de ouro. Acordava cedo, era educado, cavalheiro e trabalhava como um verdadeiro cidadão. Disposto a ser alguém na vida um dia. Tinha, aparentemente, um futuro promissor e uma carreira bem sucedida.

Sempre dirigia seu automóvel dentro da velocidade permitida, atento a tudo que o cercava, obedecendo às normas de trânsito, sinalizações, cinto de segurança... Tinha as características perfeitas para todas as mocinhas frágeis que precisavam de um protetor, uma espécie de guarda-costas.

Certo dia estava dirigindo seu veículo normalmente, mas um pouco distraído, pensando no seu futuro promissor. Neste frenesi, foi abordado por um grupo mascarado.

Achando melhor não reagir, entregou logo o carro para os assaltantes e correu em disparada com medo de um possível tiroteio. Os ladrões, por sua vez, dirigiram o automóvel a 180km/h. Nessa velocidade, bateram em outro veiculo.

Os ledores não serão capazes de adivinhar em que o automóvel bateu. Dou-lhes alguns segundos para pensarem e talvez acertarem. Nada, leitores? Simplesmente, colidiram numa viatura policial. Os policiais os detiveram para averiguação. Durante as investigações, os agentes estaduais descobriram que os fulanos tinham roubado o automóvel.

Eles também descreveram o suposto proprietário do veículo, que não conferia com a foto registrada no Órgão de Trânsito. Descobriu-se, portanto, que Harison era também um pilantra que tinha usurpado o veículo. O automóvel foi até clonado.

Realmente hoje não houve sorte para nenhum criminoso. Ainda bem! Tomara que seja sempre assim. Harison foi encontrado em seu esconderijo e foi preso juntamente com os outros colegas de profissão em prisão de segurança máxima, julgado e condenado por crime de roubo, clonagens de automóveis e outros crimes que estão descritos no curriculum vitae de cada criminoso. E não foram perdoados como diz o ditado: “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”.

No dia que foi pego, os vizinhos não sabiam o quê pensar, como Harison conseguiu enganá-los daquela forma. Ainda não acreditando na versão policial, foram todos visitá-los no presídio. Trataram-no como filho querido e estimado, mas Harison mostrou a sua verdadeira identidade de criminoso convicto, que tem várias faces para cada uma de suas vítimas e que planeja sempre um outro crime assim que tiver oportunidade de fuga, pois para a sua cabeça de gênio, assim achava, tudo era possível. Os vizinhos chegaram a conclusão de que "quem vê cara, não vê coração".

Adriana Quezado