Imortalidade Poética

Se eu pudesse escolher voltar depois da partida, escolheria retornar com a alma de Drumnond e revestida de Clarice. Seria a mesma nordestina, mais com uma alma duplicada de poesia.

Nossa! Seria a combinação perfeita de objetividade e modernidade. Nada de pretensão, mas cá pra nós, eu teria um “quê” a mais de perfeição e uma dose de imortalidade.

Que inveja eu causaria aos adoradores da palavra.

Mas que bom seria!

Carregaria um troféu nas mãos e não me importaria com palavras agressivas e idiotas dos críticos de plantão. Recitaria poemas ao fim do dia em plena praça, embaixo dos olhares espantosos dos mortais.

É certo que eu correria o risco de não ser reconhecida, nem aplaudida, mas permaneceria firme como rocha e percorreria feliz o verso de Itabira

Teria a minha hora de estrela, brilhando reluzente no sertão nordestino. Pode ser que eu seja louca, absurdamente incompreensível por querer voar entre palavras que, necessariamente não são minhas, mas que julgo senti-las.

O que ficaria em mim depois dessa viagem seria a absoluta imortalidade do sentir.

Não me esconderia na timidez que me arrasa, seria desvairadamente insana.

E ao final de toda a manifestação, olharia no espelho e me reconheceria , procurando em mim o que ficou.

Afinal, como diz Drumnond, de tudo fica um pouco.

Ana Clea Bezerra de Abreu
Enviado por Ana Clea Bezerra de Abreu em 28/04/2006
Reeditado em 08/05/2006
Código do texto: T146721