O marido mala da escritora

Triiimmm. Triiimmm. Trii...

- Alô. Edvar.

- É da casa da Soraia? Ela está?

- Sim.

- Poderia me passar ela, por favor?

- Impossível. O fio do telefone é muito fino. Ela não "passa".

- Olha, eu não estou incomodando, né?

- Não. Está “ligando”.

- Ah tá... bem... sabe..., é que eu queria ver se ela está a fim de entrar num livro que a gente vai publicar, com escritores locais.

- Mas deve ser um livrão bem grande esse, né? Para ela poder “entrar” nele...

- Ô meu senhor ...

- Não sou senhor de ninguém. E é “Edvar”, já falei.

- ... você esta de gozação comigo? Eu tô ligando numa boa.

- Pensei que estivesse ligando “num telefone”.

- Você vai ou não vai chamar a Soraia para mim?

- “Para você” não. Ela já é comprometida comigo.

- Peraí, não foi isso que eu quis dizer.

- Correto. Você não falou “isso”.

- Ah, vai se catar seu bosta!

-Bosta não, é Edvar, já falei. E é impossível eu "catar" a mim mesmo.

(Clak)

- Alô, alô...

(Túúúúúúú’) ...

- Desligou. Nem me disse o nome. Mal educado. Êta gente difícil de lidar.