PIZZA NO BIG BROTHER DO PODER!

Na semana passada deu-se por encerrada as investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o caso Protógenes. Saldo da investigação: pizza novamente! Ou seja, nenhuma conclusão definitiva ou punição exemplar para que se fizesse justiça. Mas existe todo um material absurdamente pertinente ao caso, com provas explícitas da prática irregular da escuta clandestina, que foi descoberto por dois renomados jornalistas da revista veja, Expedito Filho e Otávio Cabral, que ficaram pelo meio do caminho...

Advertido, portanto da gravidade dessas provas, o deputado Marcelo Itagiba, presidente da comissão, disse que pedirá a prorrogação das investigações. As tais provas que os dois jornalistas tiveram acesso, mostram que a tal escuta clandestina continua em franca e impune atividade no Brasil. O delegado Protógenes Queiroz (aliás, que nome é esse?!), a pretexto de investigar os crimes cometidos pelo ex-banqueiro Daniel Dantas, se dedicou a bisbilhotar vidas pessoais de parlamentares como um “Big Brother do poder”. Nessas “olhadinhas” e “escutadinhas” ele bisbilhotava, entre outras coisas, a vida amorosa da ministra Dilma Roussef, passando pela antessala do presidente Lula, no Palácio do Planalto, conversas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador de São Paulo, José Serra, entre outras pessoas inocentes. Ele e seus comparsas deveriam se divertir com tudo o que escutavam, assim como se divertem as pessoais que assistem ao autêntico Big Brother. Na verdade, amigo leitor, dar uma olhadinha na vida alheia causa-nos, realmente, algum furor e aguça a curiosidade de qualquer ser humano. Agora, lá no Big Brother, todos têm suas vidas expostas por que querem e têm sempre um objetivo com isso. Mas em se tratando de pessoas comuns, ainda que sejam políticos, é realmente desconcertante. Nem eu, nem você, nem ninguém gostaria de ter sua vida particular devassada por escutas clandestinas e afins, com propósitos ilícitos, como chantagens e outras coisas mais. O presidente da comissão, para tentar minimizar o desfecho melancólico, prometeu a prorrogação das investigações dizendo que, na verdade, a comissão não teve tempo para examinar o tal material investigado pelos jornalistas. Sendo assim, vamos esperar...

Em relação ao jornalismo brasileiro, nas pessoas dos dois jornalistas citados, que fizeram uma investigação ferrenha com o único propósito de expor à sociedade, o que a CPI não quis ou não teve tempo de investigar, nosso dever é parabenizá-los pelo excelente trabalho. Não somente aos dois jornalistas, mas ao jornalismo como um todo, pois sua função é ser realmente os olhos e ouvidos da nação, estabelecendo assim um dos sustentáculos da democracia. Obrigada a vocês jornalistas pelo singular trabalho que exercem!

-Crônica publicada no jornal VOZ DA TERRA, da cidade de Assis, em 10/03/2009.