Um sábado... Uma dor!

De pé desde as 06:00h, e um destino a cumprir, aguardava impacientemente a autorização que mudaria uma vida.

Às 10:00h, estava com o documento em mãos, era um troféu diante de todas as pessoas que também aguardavam.

Sai andando, vontade louca de correr.

Uma etapa vencida diante de muitas que estão por vir.

Lutei contra o tempo, cheguei até ela e pedi que arrumasse suas coisas, pois já estava com o documento. As mãos trêmulas e o medo estampado em seu rosto.

Ela não quis resistir e foi comigo, eram horas intermináveis, o trânsito não estava a nosso favor, a vida ia se afastando lentamente...

Fizemos todo o procedimento, e os olhos ficavam tão tristes.

Vó...

Eu não te abandonei, você precisava de um tratamento adequado, e por essa razão tive que interná-la.

Eu sei que não é fácil querer existir, mas você precisa tentar ...

Auto-extermínio, é quando se perde a esperança, busque-a!

Eu não te abandonei....

A enfermeira inspecionou a sua bolsa e foi tirando os pertences do “NÃO PODE”, eu senti que tirei a sua vida temporariamente, eu fui vendo o seu olhar, o seu desespero tão silencioso, eu segurei o choro com as mãos.

E você chorou de tanto medo de abandono...

Nem quero me lembrar do seu último olhar!

Quando cheguei em casa já era 17:00h, com a sensação mas doída da minha vida, a sensação da impotência.

Vó, eu chorei... eu não estava preparada para um momento assim... Tão sem você!

Eu não te abandonei...

07/03/2009