Uma criança esperando outra criança

Acompanhando uma reportagem sobre uma criança de nove anos que estaria grávida, e de quem os médicos aconselhavam fazer um aborto; pensei: O mundo está perdido. Quantas crianças estão sendo abusadas sexualmente, e sofrendo toda sorte de torturas por parte de pessoas que deveriam ser seus protetores e guias? Outras duas crianças não resistiram; uma com três, e a outra com cinco aninhos; também foram molestadas. Quantos que estão dando sinais de que estão sofrendo abusos e nós não estamos lhes dando atenção?

Como pode numa sociedade dita civilizada. Homens e mulheres que têm capacidade de raciocinar estão agindo piores do que animais irracionais! Onde vamos parar? Será que não está na hora de ficarmos mais atentos? Há vozes que já não podem ser ouvidas, porque foram emudecidas à força, e que se pudessem, diriam: Basta!!!!

Mas está acontecendo outro tipo de violência maior ou igual que esta; a de vermos adolescentes mal saindo da infância esperando um bebê, ou já com a responsabilidade de ter nos braços um pedaço seu.

São meninas que entraram pensando que era uma brincadeira. São meninos e meninas que acreditam que precisam ser iguais aos outros, fazer o que os outros estão fazendo. No final das contas, eles são as maiores vítimas da exposição erótica, que lhes impelem a provar algo que não estão preparados para provar. Esse é um papel que só cabe a um adulto, e vale dizer que nem todos os adultos estão preparados para exercer o papel de pais.

Aqui ou ali, aparece uma adolescente que nem sabe o que é ser adolescente. Uma criança brincando com outra criança. Conheço o caso de uma adolescente de 12 anos, que começou sua vida sexual porque uma amiga a incentivou; se não ela seria considerada uma boba no meio da garotada. Ela entrou nessa, engravidou, e com seis meses de gravidez sofreu um aborto. Passou por uma experiência que poderia ter sido evitada, mas queria ser uma coisa que não era. Muitos foram os conselhos, porém os apelos falaram mais alto.

O namorado tem dezenove, não tem um trabalho certo, vive na casa dos pais. Após ela perder o bebê já deu o ultimato: daqui a dois meses, quer que ela engravide novamente, se não vai fazer outro filho em outro lugar.

A mãe da menina faz faxina. Por diária recebe: R$ 15,00 (Quinze reais). Essa família vive com um salário mínimo do dono da casa que tem setenta e três anos; que, além disso, é surdo, incapaz de andar só. Eles têm ainda três filhos pequenos. Moram numa casa sem piso, sem reboco.

Conheço pais que educam seus filhos com tanto zelo. Não os proíbem, mas os ensinam a fazer escolhas certas. Estamos permitindo que os meios de comunicação, e/ou outras pessoas direcionem, naquilo que somente a nós cabe que é: criar nossos filhos guiando-os até que se sintam em condições, de sozinhos, se conduzirem com desvelo.

Marias, Josefas, Melissas, Cristianes, Mercias, Nalvas são mais uma das que fazem parte das estatísticas.

Cuidemos do nosso jardim; antes que as raposinhas dêem cabo do que tem de especial nele.

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 13/03/2009
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