A FAMA

Cinco minutos de fama... muita gente sonha com isso. As pessoas sonham com a fama porque a fama traz implícita a bajulação da imprensa, o carinho dos fãs, a atenção...

Muitas vezes a fama é momentânea, dura até alguém mais interessante surgir. Por isso a pressa em acontecer. Os paparazzos , famintos por gente famosa, são volúveis. Paparicam enquanto a mídia sustenta a imagem dos afamados. Passado este tempo, são esquecidos. É por isso que o tempo é o melhor juiz., embora muitas injustiças sejam cometidas. Há pessoas talentosas que poderiam contribuir com a cultura do país, mas são anônimas. Algumas porque não tem um rostinho bonito, um charme especial. O mundo da fama vive de aparências.

A beleza exterior funciona com uma porta mágica que se abre para receber, cheia de glamour, o incipiente candidato à fama.

Ser ou não famoso é a questão. Melhor que a fama é o reconhecimento.

Hoje minha vida não interessa a ninguém, meus textos são lidos, mas poucos divulgados, vender um livro é trabalho árduo... Os lugares aonde vou, as roupas que visto, os penteados, as coisas que penso, objetos, produtos... Nada disso faz diferença. Até brinco com isso. Quando vou a médicos ou dentistas, costumo entregar um livro e dizer:

- Quer conhecer minha obra?. Um dia, quem sabe, eu fique famosa; o senhor poderá dizer: ‘ ela era minha paciente e me deu um livro’. Risos.

Mas... Façamos de conta de que fui descoberta por uma grande editora. A imprensa começa a me assediar; entrevistas, reportagens... Resultado: Minha vida mudará drasticamente.

Tudo o que eu disser terá força capaz de influenciar hábitos e modificar atitudes.

As pessoas dirão:

“ Ah, ela caminhava por esta rua, trabalhava nesta escola, gostava disso, daquilo...”

Enfim passarei a ser importante enquanto a mídia considerar conveniente.

Agora, convenhamos que meu talento é fraco, medíocre... o tempo me enterrará com mídia ou sem mídia.

Enfim a fama, sonho de muita gente, é muitas vezes pura ilusão. As pessoas devem valer por aquilo que são. Todas devem ser amadas, respeitadas. Todas as profissões devem ser valorizadas. Precisamos acabar com o domínio que os meios de comunicação exercem sobre nós e nossos gostos. Escolher por nós mesmos o que ler, o que assistir, o que ouvir.

Valorizar o que é nosso, independente do que diz a mídia. É preciso que sejamos rebeldes culturais para dar a César o que é de César e a Deus o que é Deus.

Independência cultural, eis a solução.

Malu Scottini Heiden
Enviado por Malu Scottini Heiden em 01/05/2006
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