Os furtos nossos no show da vida!

Angélica T. Almstadter

Da luz do sol para aquecer os nossos espaços internos ao olhar de quem trazemos subjugados, furtamos todos os dias involuntariamente...

Mas qual o nosso crime se por amor furtamos o coração da pessoa que faz o nosso coração disparar e quase sair pela boca, de ansiedade...o crime de amar...

Seríamos condenados por furtar palavras do dicionário e guardar em nossas letras de cada dia, quando rabiscamos quase compulsivamente nossas emoções, na ânsia de deixar registrados em negrito os nossos desejos e sentimentos mais íntimos e mais importantes? Qual o crime pode nos acusar a consciência se em cada jorro de palavras deixamos nossas verdades escancaradas?

A minh'alma não sabe sentir emoção que não adentre por ela...não sabe mentir por aquilo que nunca sentiu...mas não é hipócrita de mentir que quando observa o amigo que expõe sua emoção em linhas deliciosamente perfeitas, admira e bebe dessa fonte como inspiração para buscar dentro das minhas entranhas uma lembrança que traduza a mesma emoção. E desta leitura nasce a inspiração que mobiliza cada fibra da minha própria estrutura que revirada e experimentada em cada nuance me faz escorrer nas minhas pautas; as minhas sensações, ora por vivência, ora pela experimentação do sonho...por que cada um de nós tem a sua capacidade de viajar pelo mundo do encantamento...uns mais outros menos.

Seria eu uma ladra de emoções? Não...só uma sonhadora que vive os seus próprios sonhos, mas despertada pela magia da troca diária de tantos sonhos parecidos e de tantas emoções parecidas...o que me diferencia de cada um é a minha maneira peculiar de traduzir o que tenho cá dentro, com pitadas da minha vivência, com uma boa dose de experiências sentidas tanto na carne como na alma e ainda experiências espirituais. E muito embora possa viver situações semelhantes a outros amigos escritores e poetas, cada situação tem um personagem ou outros personagens, datas e lugares distintos, além da minha maneira pessoal de sentir e vivê-las.

Quais seriam nossos furtos de cada dia? Seriam pecadinhos ou crimes?

Não sei quais os meus pecadinhos ou crimes...quando gosto de uma música que um colega manda, pego para usar nas minhas mensagens, quando gosto de um back, separo para o meu uso...não altero nem um e nem outro; seria um crime usá-los? Penso que quando os uso, também faço-os meus parceiros; por que os escolhi para embelezarem meus textos. Da mesma forma quando crio meus backs; uso imagens que estão livres na net e informo, assim meus backs saem por aí felizes e prontos para enfeitar o texto de qualquer pessoa que deles gostem.

Que lei me punirá por usar as palavras "roubo" ou " furto"? Onde em algum lugar dos meus desabafos apontei meu dedo para alguém? Onde acusei A, B ou C? Eu não vou me calar, não vou deixar de falar em defesa dos que como eu, doam o tempo e a arte.

É preciso olhar para cada um de nós com mais responsabilidade e para cada amigo escritor e artista com mais respeito, só assim podemos construir um mundo melhor, onde cada um tem a sua identidade respeitada e única.

Vou continuar a furtar o calor do sol, a beleza das noites de lua...vou continuar a furtar a luz dos olhos do meu amado, seu coração apaixonado...e vou continuar a doar as minhas emoções e palavras, para que furtem, cada um, a idéia de viver em si mesmo e por suas palavras essa magia que é a vida em toda a sua plenitude...

E viva a heresia nossa de cada dia... Amém.

Ah! Furtei o tema do Fantástico, rs...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 05/05/2005
Código do texto: T14876
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