AO CAIXA

Nós voltamos sempre quando acordamos. Essa frase me perseguiu durante algum tempo. Vivia uma tremenda falta de inspiração, para escrever. Acontece com todos, eu acho. Num primeiro momento achei que seria o momento da volta da inspiração. Uma única frase que definiria o sentido das coisas. O começo e o fim tão discutido por todas as religiões. Frase arrebatadora, visceral, perturbadora.

Num segundo momento, esse já sem tanto vislumbre de um achado importante, beirando ao real, ou acordando da situação, como queiram. O meu acordar toma outra dimensão.

Mas espera aí! não que polemizar nem tão pouco mexer com crenças seja minha praia. Acho que cada um tem a sua e a nossa posição é de respeitar. E como diz um amigo meu: cada qual com seu cada qual. Associado sempre a uma caixinha de surpresas inerente a todos.

E mais, minhas certezas, minhas definições são minhas. Temos que entender que outras pessoas têm problemas com o sono e talvez essa frase lhe proporcionaria um pânico e uma dificuldade na hora do seu adormecimento.

É, Talvez deva esquecer o âmago da frase e partir para um sentido literal que não proporcione nenhuma discussão, nem esboce questionamentos. E construir um texto leve, livre, bem humorado que seja mais uma mordida num chocolate recém aberto da caixa.

Mais acontece que não sou essa coca cola toda como escritor. E com certeza todos nós somos como uma caixa cheia e cubinhos que se encaixam bem arrumadinho na ordem, no tempo, no espaço todo momento funcionando como um relogiozinho de precisão para que possamos ser feliz. Não podemos ser contrariados. Administrar as adversidades e manter a caixinha arrumada tem se tornado um grande desafio pessoal, nas famílias, nas empresas e na sociedade como um todo. A malha social está comprometida. Por isso ou por aqui sabemos que se plantamos abacaxi colheremos abacaxi, se flores, flores.

A revolução industrial em que o homem e a mulher foram contemplados com emancipação e o distanciamento da família. Abri essa caixinha hoje e ao analizá-la, a sociedade se depara com a crescente desestruturação da família, um aumento de violência em todos os níveis, um desrespeito ao próximo, uma desconfiança generalizada, uma permiciva inversão nos valor e costumes e uma desarrumação nos cubos da caixa social que levaremos gerações para arrumá-los.

Algumas ações com o passar do tempo, se fizeram necessárias, disfarçadas com discurso de serem justas e uma conquista. Fomos mesmo obrigados. Falamos de ações, entre outras, da questão da licença maternidade da mulher de três meses, agora seis meses e do homem dias. São ainda injustas E DE POUCO EFEITO PARA VOLTARMOS AO QUE TÍNHAMOS dado ao tamanho do desastre que a revolução industrial proporcionou às famílias. Devemos acordar e retornarmos o encontro com a família. Justiça mesmo seria legislar leis e mecanismos que proporcione ao homem e a mulher o encontro com a família.

Adianta de que tantos avanços tecnológicos se seus atores sofrem e os males se multiplicam e todos são infelizes. Pacotes e caixas com conteúdos prontos são empurrados goela abaixo, impostos. Individualmente sofremos mesmo assim seguimos.

Neste mês de março de 2009 em Recife, como que acordada pelo Dia Internacional da mulher, em brinde ás festividades, a sociedade assistiu o dilema de uma criança de apenas nove anos de idade, vítima de estupro do padrasto, grávida de gênios.

Num desserviço evidente ávidos pela colheita, religiosos em nome de seus interesses confundem ainda mais os rumos que devemos trilhar para vivermos mais feliz. A impressão que dá é que estão pensando pouco nas pessoas e suas necessidades vitais.

Em nenhum momento se falou que tudo aquilo foi fruto de uma família desestrutura, que é a causa da desastrosa colheita. Muita pelo contrário opinou-se que era o menor mal e que o verdadeiro mal maior seria a prática do aborto.

“Meu Deus! Perdoai-os. Eles não sabem o que fazem”. Quando Jesus na cruz NOS disse essa frase se referia aos humanos que gostam de frutos maduros. Por que plantar, cuidar esperar a colheita não tem sido o melhor atributo de homens e mulheres. Egoisticamente continuamos plantando o mal na esperança de colher o bem.

Tudo isso tem me deixado sem inspiração, meio apreensivo, pasmo com as opiniões de lideranças irresponsáveis. Minha caixa também anda meio desarrumada.

Na noite do, Dia Internacional da Mulher, não dormi. Fiquei assistindo ao mesmo tempo 4 canais de televisão que mesmo tempo catam fiéis das formas mais loucas que se pode imaginar. E apenas um educativo. Essa CAIXA com rótulo salvação que está sendo plantada na sociedade escancaradamente com a nossa conivência, não vai ser mais aberta. Quando estiver pronta vai explodir. E aí os cubinhos coitados dos nossos cubinhos, nem a caixa lhes sobrarão para encaixá-los novamente.

Ao que tem um chocolate para morder vale a pena plantar cacau e ser feliz. Afinal, ainda é sempre tempo de plantar. E aos que não gostam de chocolate digo a frase que meu filho recém chegada da França trouxe de lá e lá estão GRAFADAS nas sacolas dos Super Mercados: FAÇA HOJE PARA VIVER MELHOR AMANHÃ.

Prometi ser menos drástico, com um texto mais livre, leve e bem hum

orado. Aproprio-me, então, da fala da linda mulher personagem da novela global das oito no núcleo que tem o guarda de trânsito, que diz: Acorda !!!! Abel.

Voltamos sempre quando acordamos. Bom seria numa rede de felicidades.

Crontei.

Depois eu cronto mais.

Manuel Oliveira

Manuel Oliveira
Enviado por Manuel Oliveira em 15/03/2009
Código do texto: T1488121