O Choro do Palhaço

Era uma noite de natal e toda a família estava reunida.Havia amigos convidados, mas eram poucos pois família grande sozinha já faz a festa.E que festa! Mesa farta, bebidas a vontade. Até os filhos que moravam longe chegaram trazendo crianças, papagaio e tudo que tinham direito. Um som tocando aquelas músicas da época, apenas musicadas e de vez enquanto havia uma cantada, porém quase ninguém reparava, pois o bom mesmo era a conversa para por as novidades em dia .Tudo era alegria.O local um paraíso, uma casa próxima ao mar onde o vai e vem das ondas ressoava de forma magnífica, competindo com todas as canções ouvidas. Natureza pura, aquele imenso mar.E tem pessoas que nunca viram o mar, não que não quisessem, mas não tiveram essa grata felicidade.Imaginem, me lembrei.Teve uma vez que participei de um encontro de trabalho e no intervalo(o famoso coffee break) um colega participante me revelou:” meu maior sonho é tomar uma água de coco”Risos, mas se pararmos para pensar tem muita coisa que aparentemente são simples e abundantes para uns e sonhos para outros.Em viagens a trabalho pelo interior de algumas cidades do norte do nosso pais, tive dificuldades de alugar uma casa que possuísse banheiro dentro dela .Para termos idéia da precária situação, a maioria das pessoas fazia todas as suas necessidades no rio que passava em suas margens.Mas deixamos estas coisas tristes de lado e voltamos para a nossa noite festiva de natal.Como falava, o ambiente era de muita felicidade e todos viviam momentos maravilhosos. As crianças curtiam um pula- pula ( que grande invenção! que digam os pais) que foi preciso organizar a fila senão os menores não teriam vez de uso . Alguns casais arriscaram dançar aquele ritmo angelical e todos sem exceção nem perceberam a saída de um dos irmãos que em momentos depois voltou vestido de palhaço, arte que o mesmo domina com a maior maestria.Se a festa já estava boa, ficou excelente.Ele fez aumentar a alegria de todos com suas piadas, distribuindo brindes com a criançada, que ao invés de fazer fila para o pula-pula, ficaram disputando um lugar mais próximo do tio palhaço, tocando-o, abraçando-o, gritando seu nome: Cheiroso, Cheiroso, Cheiroso....Foi quando o Cheiroso pediu silêncio a todos para ler o “estatuto do palhaço”.Todos o atenderam , inclusive as crianças, que aparentavam total entendimento do que estava sendo lido e dito em voz alta. Após a leitura feita pelo querido Palhaço Cheiroso, muitos aplausos, o que tornou aquele ambiente bastante emotivo, levando algumas pessoas não conterem as lágrimas.Mas não o Cheiroso, pois palhaço é para fazer rir e não pode chorar.Assim é a vida. Foi quando apareceu um de seus sobrinhos, um dos mais novos, e pediu total silêncio novamente , como forma de retribuição a tudo que seu tio palhaço teria feito naquela noite, começou a recitar uma linda poesia para o seu Cheiroso :

Palhaço não é só aquele

que pinta a cara para sobreviver

Palhaço ainda é aquele

que pinta a cara pra você ver

Ele vive com seu coração

dilacerado, as vezes desolado

por pensar tão somente em você

Ele ri e chora

Palhaço nenhum gosta de sofrer

Palhaço é só aquele

que por muito tem um amigo

que faz tudo para dele

algo se compreender

( autor: Poeta Alexandre Oliveira )

Ao terminar se fez silêncio total e pude ver o Palhaço chorar, não lágrimas de tristeza, mas com uma profunda emoção... Lagrimas de alegria.Palhaço também chora, como dizia o poeta.

José Mário Fernandes
Enviado por José Mário Fernandes em 18/03/2009
Reeditado em 19/03/2009
Código do texto: T1493317
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.