FALANDO DE QUEM DIZ

COLUNA: FALANDO DE QUEM DIZ

1 – Edição

Falando de Quem Diz, desta semana, não poderia deixar de destacar programa homônimo: Jô Soares e reverenciar o poder de comunicação do artista plural, que, com pontualidade bahiana invade a intimidade de nossos lares.

José Eugênio Soares, para os íntimos: Jô; carrega, além de sua simpática gordura, um fardo cultural invejável. Foi produtor dos programas de Enrico Simonetti e Dick Farney Show na TV Excelsior em 1960; atuou no seriado Família Trapo, transmitido pela TV Record, ao longo de sua carreira tem assumido, com toda desenvoltura, o papel de dublê de ator, humorista, diretor, produtor, escritor, músico, e outras personagens que não nos cabe enumerar.

Seus críticos mais mordazes, afirmam que o Jô, muito mais que cultivar um egocentrismo apurado (que é natural em todo artista que se preze e dependa do ibope) tem a mania de falar mais que seus entrevistados e, em certos momentos, roubar a cena. Todavia, nem mesmo eles, a luz do mesmismo televisivo, são ineptos para reconhecer que os predicados do JÔ são tão notáveis, que lhe concedem o direito de se intrometer em qualquer papo meia bomba e discorrer com melhor juízo ou propriedade.

Do meu lado, estou aqui para dizer que considero o JÔ um chato de galocha. De galocha francesa com detalhes em ouro maciço. Tão valiosas quanto às chuteiras do Ronaldinho Gaúcho. Todavia, cabe-me reconhecer, que, alguém que conhece os mais insondáveis meandros da mídia televisa, não pode e nem deve ficar refém das vacilo do entrevistado e assistir o despencar do IBOPE.

Ibope, para quem não esta afeito ao mundo comercial, é o passaporte que permite que o artista vá viver no paraíso global. (Perdoe-me os não global: mas para ser global o artista têm, muitas vezes, mudar de sexo).

Para encerrar, apresento meu repúdio a Academia Brasileira de Letras: o escritor JÔ SOARES merecia ser agraciado com o Fardão dos Imortais. Letra por letra, JÔ é muito mais nacionalista do que Paulo Coelho. Se de um lado o primeiro vende receituário de auto-ajuda; de outro, o segundo divulga a cultura nacional.

Bem sabemos que brasileiro não dá valor à literatura tupiniquim. E está pouco ligando que nossa literatura contemple perolas tais como o indianismo de Gonçalves Dias, o lirismo de Cruz de Souza; a marginalidade de Torquato Neto, o anarquismo de Roberto Pivao antropofagismo de Mario de Andrade, e o cronismo de Luis Fernando Verissimo.

Mas nada importa; ninguém vive bem em tempos políticos difíceis, ainda mais na companhia de poemas intragáveis. Assim, só nos resta agradecer ao JÔ SOARES o espaço que graciosamente oferta aos novos escritores, poetas e artista em geral.

Destaque:

Destaque do mês recai sobre EUCLIDES CAVACO, poeta lusitano amante do FADO, começou escrever poesia nos seus anos acadêmicos e tem feito dela uma constante da vida. Foi talvez no FADO que encontrou a sua inspiração maior. Por ele nutre uma transparente paixão consagrando-lhe grande parte da sua vida. Escreve-o para fadistas e declama-o com grande estro poético. Essencialmente dá-o a conhecer ao mundo.

Na década de 60 mudasse para Angola, onde faz estágio para locutor de Rádio. Em 1970 num impulso de aventura radicou-se no Canadá, onde concluiu o curso de Gestão Administrativa (Business Administration) e alcançou o estatuto de empresário. Em 1974 fundou com um grupo de amigos um programa de televisão com o título Saudades de Portugal, do qual foi apresentador. Em 1976 é nomeado Comissário Público pelo Governo do Ontário. Em 1980 liga-se à RÁDIO VOZ DA AMIZADE no Canadá, no qual é locutor e produtor há 25 anos.

Antonio Virgilio Andrade
Enviado por Antonio Virgilio Andrade em 03/05/2006
Reeditado em 04/05/2006
Código do texto: T149654