Um pequeno colibri

(Najah ÐL®)

[Um leitor acaba de comentar meu texto da serpente e do vaga-lume e me sugeriu que escrevesse sobre o conto do colibri. Busquei-o no Google]

"Uma vez um índio me contou esta história sobre um pequeno colibri.

Havia um grande incêndio na floresta. Preocupados, os animais fugiam da selva em chamas. Quando todos se encontraram em um lugar seguro, bem distante do fogo, ficaram apenas olhando. Eles sentiam que nada podiam fazer, pois o incêndio era enorme. No entanto, um pequeno colibri decidiu que tentaria apagar o fogo.

O pássaro foi até um rio próximo, pegou uma gota de água, sobrevoou a floresta em chamas e lançou a gota que carregava no bico. Enquanto ele ia e vinha, os outros animais lhe perguntavam: “O que você está fazendo? Nada podes fazer, tu és muito pequeno e este incêndio é muito grande”. Alguns animais tinham bicos bem grandes, e não ajudavam.

Mas o colibri estava convencido que podia apagar o incêndio e continuou jogando pequenas gotas nas chamas que consumiam as árvores. Nós temos que ser como este colibri. Não podemos sucumbir diante das dificuldades. Temos que ser obstinados. E seguir levando água para apagar o incêndio, apesar dos outros animais.

Ao final, diante da floresta queimada, o colibri disse aos demais animais que havia feito o melhor que podia."

O interessante dessa estória é que ela, embora tenha um foco totalmente diverso da serpente e o vaga-lume, acaba se interagindo quando se entende que cada um deve fazer a sua parte, apesar do outro.

Todos temos nossa função nesse mundo. O livre-arbítrio serve para escolher o caminho, nada além. O destino está pré-determinado e até a ausência de escolha já é uma escolha. Quando você decide "apagar o fogo", você coloca em risco sua própria vida em detrimento do outro. Isso é evolução. Quando você decide fazer algo por si mesmo ou em prol de um todo, você está interagindo com as forças cósmicas que sempre trabalham a seu favor. A passividade, seja no âmbito pessoal, seja no momento de um perigo iminente, faz com que sua "inércia na escolha" seja revestida de lamentações futuras.

Quando você se impõe na vida, quando tenta resgatar, resguardar, proteger, quando, enfim, você se posiciona, você está cumprindo a sua parte. Se você nasce leão, você precisa comer a caça, se você nasce formiga, você precisa trabalhar, se você nasce cigarra, você canta e morre feliz, mas se você se colocar no lugar de um colibri e decidir se empenhar em fazer mais do que seu próprio corpo suporta, mais do que é sua função, seu objetivo talvez não seja alcançado mas mostrará aos outros que unir forças poderia totalizar um possível sucesso.

Assim é. Uma serpente não se importaria em comer um vaga-lume apenas por causa do seu brilho, mas ela sairia muito rapidamente do local de fogo indo em busca das águas. Essas mesmas águas onde o pequeno colibri busca gota-a-gota para apagar o incêndio. A serpente não irá comê-lo por sua tentativa de glória; os outros animais nada fazem por já se sentirem derrotados antes do término da questão, mas a lição é inegável: faça a sua parte, se não em prol do todo, ao menos por si mesmo e sua consciência.

Najah DL
Enviado por Najah DL em 20/03/2009
Código do texto: T1496582