O FANTASMA FORASTEIRO.

Viandante da noite, a perambular por entre a multidão que se compraz nos festins da vida.

Sem pertencer a nenhuma opera, assim, não assombra ninguém. Carregando consigo em seus alforges algo de débil e muito de anônimo.

Absorto e entretido nos cardeais, ida e volta. Rotineiro, e num mesmo passo, obediente senão a sua contumácia.

Apenas um espectro ambulante!

Que toma de assalto tão somente a si próprio nos enredos de suas escolhas e imaginação - Pobre fantasma que só espanta a si!

De quando em quando para se saciar, de suas fomes, assume-se, forasteiro, deixando às ocultas, em sua mente, seu salvo-conduto, e se permite à identidade de pedinte, supondo-se, em terras absolutamente alheias. Furtando-se a idéia de que também, em parte, essas terras já lhe pertencem por haver ali semeado.

Pobre ser, vítima dos próprios caprichos, a marginalizar-se!

Cláudia Célia Lima do Nascimento
Enviado por Cláudia Célia Lima do Nascimento em 25/03/2009
Reeditado em 25/03/2009
Código do texto: T1504879
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