A IMPENETRÁVEL VERDADE DE CADA UM

É imensa a insatisfação no campo das mentes , de onde não se pode colher nem lírios, nem grilos ou até mesmo o roxo que envolve o caixão, onde os mortos são enterrados, juntamente, com os segredos, sem que, a ninguém seja dado o poder de esquematizar na imamaginação,o emaranhado que por dentro existe, sem desabrochar.

Refiro-me a atitude de um professor universitário que terminou seus dias com um adeus e uma bala no ouvido! Com ele, sua verdade...a que muitos fingem não carregar, mas dela, não conseguem se libertar. Que motivos o levaram a tanto? Nada se sabe. Nada se pode afirmar de verdadeiro, a não ser, algumas interpretações à luz das considerações. Na realidade, a verdadeira história foi para o túmulo, descansará eternamente, sem que jamais alguém possa desvenda-la. Muitos dizem:- “É a herança dos tempos modernos; a corrida para o universo das competições; o poder aquisitivo – “versus status social”- acima das possibilidades...? O vôo supersônico do dinheiro. O resultado desta corrida... corrida inútil, que somente aos cavalos compete atingir. - Um hermafrodita resguardou-se durante vinte anos de declarar o sexo; quando a verdade veio à tona, suicidou-se antes de optar por uma das partes que melhor definisse o seu tipo físico. A minha verdade, por exemplo, não é aquela verdade que os outros se apressam em adivinhar. Ela está comigo, é particular,exclusiva, com direitos reservados e intransferíveis. Não é passível de punição o que dela quiser se apoderar, sem antes penetrar no fundo da minha compreensão; afinal, temos ou não o direito ao que criamos? Ela está registrada, patenteada e bem protegida, como qualquer outra parte do meu corpo. Alimento-me do que penso ser verídico e me alicio no pequeno espaço, onde guardo meus segredos, contados a mim, por mim, trancafiados numa mala oblíqua, em que o acesso se torna difícil e a chave caminha nos latejos da fiação nervosa das paredes do meu estômago. As lamentações ao estilo bíblico; as fraquezas supérfluas; as atitudes grosseiras;os sofrimentos desarticulados,contornam o destempero dos males que ardem como arame desentupindo artérias,ao mesmo tempo,fisgam como minhocas as veias como que dançando uma valsa de “Strauss!. Esta é uma verdade posta aos analistas, de modo que a malícia apela para os adivinhos, cientes da certeza que têm de ascender aos corações intrusos que pagam qualquer preço pela irreal especulação. “Sou o que sou; isto não é tudo, mas eu sou!” Se alguém quiser saber a que me refiro, ponha-se dentro da pintura contemporânea e imagine seu mundo estampado em revista de alta tiragem, em que os críticos tomados como conselheiros diriam de você o que você não ousaria dizer de mim, porque a imaginação é fértil e enfeita as criações, fantasiando os temas, embelezando as caricaturas. Muitos se arrogam doutores, no entanto, percorrem com afã o caminho ora analisado, com a mesma disposição que projetam no tempo, o fruto da sabedoria emanada das idéias que levaram “Platão, Sócrates” e os demais pensadores a insistirem em delongados temas, nos quais, o amor a qualquer preço teria que sobreviver como ideia e verdade declarada à maneira como cada um defende-filosofia referendada pelos filósofos de qualquer tempo ou idade. Reafirmada, afixada, rebuscada, tornada pública e popularizada em “Shekespeare!”

A verdade, no meu ponto de vista é tudo que não pode ser refutável;

difícil de ser contestado e não se chega a ela , sem antes, apelar para o sentimento de justiça. Perguntei a um amigo: - “qual é a sua verdade? Ao que ele respondeu: -“Ah, meu irmão! Eu não tenho verdade. Sou um poço de mentiras, que uso nas minhas defesas pessoais; e quase sempre me saio muito bem e descontraído!” No íntimo ele está falando a verdade... a que muitos acreditam. Negando ou afirmando está expondo sua crença dentro da sua realidade. Quase sempre a mentira burla a experiência, alojando-se no subconsciente- verdadeiro delator dos conflitos.

Um jovem pianista, ao som da Nona Sinfonia de Beethoven, trancou-se

no seu apartamento e abriu o gás; fora isso, nada mais se pode descobrir.

Visitando um parceiro, encontrei o seu apartamento lacrado por ordem

judicial; seu passamento se dera uma semana atrás dentro da banheira, da qual foi retirado já em estado de decomposição. Varias investigações e nada foi revelado a respeito. Uma senhora foi encontrada dentro de um poço profundo, boiando junto às rãs, por motivos ignorados. Enfim, todos carregam consigo: mágoa, sofrimento, insegurança e um grande desejo de tornar-se dono de sua verdadeira identidade. Para completar só resta dizer: “ A verdade de cada um está onde ele quer que ela permaneça, sem nunca vir à tona, total, parcial ou declaradamente!..”

Zecar
Enviado por Zecar em 06/05/2005
Reeditado em 20/07/2016
Código do texto: T15058
Classificação de conteúdo: seguro