05 de maio de 1917

05 de maio de 1917

Era madrugada, uma madrugada menos fria do que as últimas haviam sido e eu perseguia meu alvo pelas ruas de Lettoria. A perseguição havia começado há várias horas, iniciara-se na forma de um rastreamento, mas passou a ser uma tentativa de captura a partir do momento em que eu havia encontrado a criatura buscada. O encontrei numa das sujas e sangrentas ruas do bairro Noroeste enquanto fazia um homem idoso de refeição. Ao me avistar ele deixou a "comida" de lado e voltou-se para mim, eu não perdi tempo e saquei a pistola, mas o infeliz percebeu e saltou para o alto dos prédios. Ele agora corria sobre os prédios e torres rumo à porção Norte da cidade, eu precisava cortar a distância que ele me impusera, precisava me aproximar um pouco mais pra conseguir uma mira melhor.

Corríamos saltando de prédio em prédio, sendo a maioria destes construções de 200 ou 300 anos atrás. Neste momento ele corria veloz na minha frente e tomava impulso para saltar para o próximo prédio. Através de um rápido vislumbre, percebi que ele cairia sobre uma plataforma de ferro construída junto à parede do prédio. A plataforma estava visivelmente enferrujada e destruída, eu saquei a pistola com munição explosiva e esperei pelo instante exato.

A criatura saltou impelindo-se sobre o vão existente entre os prédios e antes que ele pudesse cair para continuar a correr, eu mirei e atirei exatamente no local onde ele esperava ganhar apoio. O pedaço velho de ferro rompeu e a bala explodiu despejando chamas sobre o resto. O monstro chocou-se contra a plataforma que caía agarrou-se a ela e foi levado ao chão pela gravidade. Seu corpo se chocou contra o chão da rua quebrando alguns paralelepípedos e ele ergueu o rosto em minha direção. Eu caí em sua direção, a lâmina da minha espada refletia a escassa luz do local enquanto fazia seu caminho através do ar até o coração do monstro.

Atingi com precisão o local onde deveria estar o coração, mas o ser amaldiçoado pareceu não ter sofrido nenhum dano. Ele agitou suas garras em minha direção arranhando meus ombros e pernas e então me chutou jogando-me para longe. Minha cabeça bateu com força no chão pedregoso e eu senti uma pontada de dor e tontura. Atordoado, tentei me situar, levantei-me percorrendo o arredor com os olhos enquanto minhas mãos procuravam pelas pistolas. Avistei o monstro correndo alguns metros à frente, minha espada continuava encrava em seu peito apodrecido. Apontei as pistolas para o alvo em movimento, disparei e acertei ambos os tiros. O monstro tentava subir para o topo dos prédios novamente, mas caiu logo que os dardos velozes penetraram seu corpo.

Ele virou-se para mim mais uma vez enquanto agonizava, fixou os olhos desprovidos de vida em minha figura enquanto arrastava-se até mim. Ele sentia que sua hora de despedir-se do mundo chegava a passos rápidos, mas antes de dizer adeus, ele queria uma boa porção de vingança. Eu não lhe dei esse luxo. Arranquei-lhe a espada do peito e com um único movimento, livrei-o de sua cabeça. Não era o que eu deveria ter feito. Eu deveria tê-lo drogado para levar para a guilda, eram essas as minhas ordens. Mas isso já não era necessário. O rumor havia se tornado um fato, eu possuía provas.

"O Amaldiçoado" voltara a Lettoria e agora semeava pelo mundo sementes de sua criação.

O Bardo Pesaroso
Enviado por O Bardo Pesaroso em 26/03/2009
Código do texto: T1507390
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