ENTRE UMA E OUTRA

O Pereira não aguentava mesmo ficar quieto no seu canto quando o assunto era mulher. Sofria por isso. Depois de umas separações e algumas pensões, acreditou que o bom seria evitar o sexo frágil na certeza absoluta de que frágil mesmo era ele, financeiramente; para levar umas arranhadas na brigas e mais frágil ainda pra esquecer que uma lhe fez mal advindo com isso a separação e que a seguinte viria amável, o que não acontecia.

A primeira mulher se aborreceu com o desgaste de 12 anos e lhe propôs separação com medo da reação, o que fez o Pereira? Concordou tão depressa que ela mudou de ideia passando a pensar que ele tinha outra. Pôs detetives particulares a campo e nada descobriu, mas não tinha mais no Pereira o homem dos seus sonhos e assim mediante a perda de 30 por cento do seu salário ele virou por pouco tempo um desquitado, morador na casa da mãe que nunca deixou de repetir: - Ela não era para você.

Arrumou outra mulher que também desgostosa do marido que largou e após experimentar as saídas livres com uns interessados em prazeres descompromissados incluiu entre eles o Pereira que tentou definir sua tranquilidade familiar dando novo rumo a sua maltratada condição de descasado. Era uma morena dessas que nunca ria e que parecia estar pronta para uma má resposta a quem quer que fosse conforme a entrevista. Mas era só aparência, o problema real do Pereira e que com tantas saídas e variados gostos, seria para ela difícil parar nele.

Passava horas e horas consultando um ou outro amigo em comum sobre alguma passagem que lhe desse a certeza de que ela era dessas fáceis e portanto nada confiável mas num abraço mais apertado e uma noite mais quente ele esqueceu tudo e comprou todos os móveis que pode, fiado e mudou a condição de descasado para a de amásio. Nos primeiros meses a morena o deixou feliz e nasceu mais uma menininha.

Um dia tiveram uma discussão e ela não quis mais saber dele, e entre tapas sem beijos, uma delegacia e um juiz, ele teve o salário encolhido por mais uma pensão e uma ordem de limitação da casa onde morou. A mãe o recebeu de braços aberto sem falar nada porque já chegou com outra que tinha um menino da idade do dele e por uns tempos a coisa parecia ficar boa, mas o pai do menino passou a visitar o filho e se tornou um estorvo sem ser brigão, mas a mulher ficou de lado e os dois se transformaram em colegas de copo. A mulher separou dele com rapidez e estranhamente o Pereira parou com as bebidas e saídas para os botequins, a pedido do filho que estava ficando esquecido, já que a mãe era assediada por um namorado que não queria saber de lanternas por perto.

A Jornada do Pereira terminou mesmo foi quando conheceu uma morena do interior do Estado, de uma simplicidade impressionante e baixíssimas exigências. Ele também já desgastado e nada esquecido de que não era mais um rapazinho deixou que os ventos da necessidade mútua tocasses sua vida cansada de aventuras amorosas em desastradas desventuras e mora num casa qualquer num bairro desconhecido da nossa grande BH e não quer saber de mexida com nenhuma outra senão a morena interiorana, que também teve com ele uma mocinha e agora parece que aquietou-se de vez.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 28/03/2009
Reeditado em 27/02/2015
Código do texto: T1511432
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