Mãos

Às vezes paro para analisar as coisas ao meu redor, e na maioria das vezes me decepciono.

Isso porque estendo a mão ao mundo e ele me devolve, na maioria das vezes, mais e mais tapas.

Mas, é claro, tudo depende do ponto de vista.

Pra algumas pessoas dei a mão para que pudessem crescer, abrindo mão da minha vida em muitas partes.

E o que ganhei em troca? Desprezo, desgosto, rancor...

Não faço nada por reconhecimento, mas sou humano. Humanos sempre gostam disso.

Não sou diferente.

E justamente por não ser diferente que paro pra pensar.

A mesma mão que escreve esse texto agora pede por um abraço, uma conversa inteligente.

A mesma mão que faz carícias no travesseiro pede por um empurrãozinho para recomeçar a vida.

E consegue? Não.

Uma mão amiga faz falta. As mãos ao meu redor só tentam me puxar para baixo.

As que estão longe e querem me ajudar não me alcançam.

Alguém aí pode me dar uma mão?

Nosso destino não pode ser escritos por nós mesmos. Precisamos de uma mão para apoiar o lápis que o desenha.

Se assim não fosse não suportaríamos o peso do lápis, ou colocaríamos tanta força nele que sua ponta quebraria.

A mão que ajuda a suportar o peso do lápis só está para isso. Quem comanda o caminho da escrita somos nós.

Mas sem outra mão, não é possível continuar.

Meu lápis caiu há alguns dias.

Mas há uma mão me ajudando.

Ou pelo menos estou criando uma.

Espero que, de mãos dadas, o futuro e o passado caminhem sobre o presente.

E que a vida não escorra pelos dedos da mão do destino.

Alguém pode me dar uma mãozinha?