Flutuando

É de repente que você se vê longe, bem alto, entre nuvens brancas, onde o mundo já não faz mais tanto sentido.

E flutuando, sentindo a brisa em seu rosto, você vê que tudo está mudado em sua volta.

As coisas já não têm o mesmo significado, e vida parece tão mais bela...

Num passe de mágica tudo se transforma, e é fácil perceber que você não havia vivido o suficiente até ali.

É quando você é trazido devolta à Terra. E mesmo em terra a sensação continua, como se corresse entre campos floridos, tocando levemente as flores que parecem sorrir, agradecidas pelo contágio de felicidade.

O sorriso transparece qualquer preocupação ou medo, pois estes deixaram de atormentá-lo.

Basta receber qualquer sinal da pessoa culpada por tudo isso que o semblante altera. Ora mensagens que parecem ser trazidas por Apolo; ora a voz que aparenta ter sido soprada por Afrodite.

Você lê, ouve, admira. Você ri, chora, flutua.

Seus pensamentos torcem para que haja uma trégua no seu dia onde eles o puxem para fora da realidade e dominem por completo seu ser.

E, é claro, eles sempre vencem.

A pessoa, tão longe, não parece mais assim. Afinal, como pode estar longe alguém que você sente a mão afagando sua cabeça? Cujo beijo parece vir através do vento, flutuando...

Ainda quer ter a magia daqueles momentos novamente. E você relembra todo instante dos momentos únicos, como se fossem um vaso precioso que quebrou em vários pedaços de lembranças e tenta encaixá-los tentando guardá-los dentro da alma.

Ah, se tivesse magia... Sairia certamente atrás de uma forma de ver a pessoa culpada o mais breve possível. Saria flutuando.