Sóis

As trevas nunca impediram que o Sol voltasse.

Mas elas permanecem, sondando aqueles de alma vazia.

Para esses sim, o Sol não brilha; os casulos são espessos e as ervas são sempre daninhas.

Se pudesse pediria que minhas cinzas fossem espalhadas entre as estrelas, próxima a vários sóis. Talvez essa fosse a chance de ver-me envolto da luz pelo menos alguma vez.

O vento bate em qualquer rosto, mas não traz mensagens felizes para todos. O veneno das palavras corre nas veias de todos, mas somente alguns não sabem extraí-lo. Este veneno, tão vil, é destilado a qualquer momento, sem que percebamos.

Assim, espalhamos o néctar por todos os lugares e pessoas, ofuscando cada vez mais a luz.

Queria a luz... Ao menos para que pudesse ver a real face das pessoas.

O mundo que conheço não pode ser o que vejo. Não quero acreditar.

Um dia verei a luz. Nem que seja passeando entre as estrelas.

Um passeio sem pressa.

Quero ver do que é feito o mundo, nem que seja de fora para dentro.

Quero saber o real sentido das pessoas.

Ver a luz; ver os sóis.