A mentira da dor de cabeça

Soltou o ar uma, duas vezes. Sorriu como se tivesse medo de fazê-lo, apenas puxando a ponta dos lábios. Estalava os dedos enquanto olhava para os lados nervosa, parecia querer fugir dali. Perguntou-lhe se havia algo de errado mesmo que a resposta pudesse ser “tu”, achava superior a educação à rejeição. Recebeu um seco “não” quase como um tapa, as mentiras bobas faladas verdadeiramente.

Sempre pensou que gostasse dali, era um bar com ar de bordel abandonado, o papel de parede rosado misturado à madeira encardida, quase como um refugio atemporal, e sua presença não a incomodava mais hoje que nos últimos anos, então seria algo novo. Nunca foi muito chegado à surpresas na outra metade. Especialmente se tal visão de divisões não era recíproca.

“O que está pensando?” Lançou logo que a viu vagando com olhares pelas decorações no local; seu interesse por design de interiores costumava condizer com seus melhores pensamentos.

“Ai, você e as suas perguntas. Que saco. Nada.” E logo após matou-lhe a pedradas em sua imaginação. Assumiu fazer isso quando dava esse tipo de resposta uma vez.

“Sem assassinatos imaginativos hoje, por favor. Quer ir embora ou só que eu vá?”

“Bebe a porra da sua cerveja e para de encher o saco.”

“Não.”

“Então só fica calado e não enche o saco. Garçon!!!!!! Vê mais um chopp, por favor.”

Rendeu-se a ficar em silencio fantasiando o quão eram mais felizes e carinhosos um com o outro no tempo passado, inventando uma memória aqui e ali só para torná-los mais destruídos a ponto de não terem salvação atualmente. Ah... a saudosa época do sexo diário ou a simples falta da diária “dor de cabeça”.

Malaguti
Enviado por Malaguti em 01/04/2009
Código do texto: T1516987
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