TE AMO PANDORA.

Adoro flores e, em especial, as rosas.

Na última casa térrea em que morei tratei de improvisar um jardim, plantei varias florzinhas (não sei o nome de nenhuma) e uma roseira linda, de uma espécie diferente que eu trouxe do Paraná. Ela era cheia de galhos cobertos por pencas de rosinhas grudadinhas uma nas outras. Lindas!

Comprei vários enfeites de jardim: sapinhos, passarinhos e pedras coloridas. Não satisfeita, coloquei pregos e vasos na parede, uns três apoios para uma planta bonitinha que soltava galhos enormes que subiam pela garagem.

Depois do trabalho, já no finalzinho da tarde, eu me deliciava jogando água nas plantas, sentava ali do ladinho do meu minúsculo jardim, de 0,90 cm de largura por 1,5 m de comprimento, e ficava observando as gotas escorrendo pelas folhas. Da terra subia aquele cheiro gostoso e delas saia aquele perfume fresco. Sentia-me em plena Amazônia.

Da porta, Pandora, no auge dos seus dois meses de vida, me observava curiosa mas ainda sem coragem de se arriscar rumo ao desconhecido.

Quando enjoava daquilo, ela entrava abanando o rabo e ia brincar com algo mais interessante.

Você conhece algum Beegle?

Pois é, um belo dia a Pandora descobriu que ali era o melhor lugar do mundo para ser seu banheiro e seu esconderijo para enterrar de um tudo.

Lá se foram as rosinhas, florzinhas, plantas, terra, enfeites, cano da água e até a pintura da parede da garagem.

Em pouco tempo aquele espaço se tornou uma referência de um pós guerra.

Mas não pense que foi assim "uma guerra", começou com uma pequena desobediência, um ato de rebeldia, uma coisinha boba e a coisa foi criando corpo.

Ela me olhava com aqueles olhinhos de vítima, dava uma lambida e pronto. E fui deixando para lá. Quando finalmente me dei conta "as flores já eram mortas".

Com o fim do jardim, passei a ter uma nova rotina. Quando abria o portão encontrava a Pandora toda satisfeita sentadinha na porta toda suja de barro daí era só tentar descobrir o que tinha sumido da casa.

Quando ela tinha um ano e pouco as crianças saíram para a escola e a deixaram dentro de casa. Foi lindo.

Abri o portão e não a vi, achei que ela tivesse fugido. Corri para a porta da sala com o coração aos pulos pronta para jogar a bolsa e sair em busca da fujona. Para minha surpresa a sala estava coberta de espuma, no centro do sofá um enorme buraco e deitada no tapete, com a mesma carinha de sempre, quem? Quem?

Pandora, é claro.

Hoje consigo dividir minha relação com o mundo animal em dois tempos: antes e depois da Pandora.

Com ela aprendi o que é amar incondicionalmente.

Uma linda noite pra ti!

beijos

Etelvina de Oliveira
Enviado por Etelvina de Oliveira em 02/04/2009
Código do texto: T1519584
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