AO SOM DA ALMA

Entre cinema e realidade, uma reflexão sobre a amizade

Criar ultimamente não tem sido é fácil. Mas uma amiga sem querer me motivou. Descubro por acaso, algo que esta escreveu sobre mim em seu blog. E eu por descuido, não percebi antes. O fato é que me fez refletir sobre um tema que nunca consigo terminar de escrever: a amizade.

E hoje percebi, o quanto simples palavras podem fazer diferença... Me lembrei do filme “Não estou lá” de Todd Haynes, sobre a vida de Bob Dylan. Em resumo, o cantor, em uma fase de sua vida diz que a música não precisa ter sentido, uma razão de ser e ao artista não cabe o “peso” de um “pai”, educador... somente ser artista. E talvez, esse dês-compromisso, é que faça fluir o que de fato é verdadeiro, e por isso, capaz de tocar, emocionar.

Fazendo um paralelo com a amizade, acredito que “verdadeiros amigos” possuem esse sentimento libertador de artista. Assim como a arte, ela não é uma obrigação, é uma dedicação pessoal, uma escolha. A ligação é de alma, não física.

O filme “Não estou lá” já diz “As muitas vidas de Bob Dylan” e é interpretado por diferentes cores e atores em referencia as fases do cantor. O que de certa forma, coloca algo bem próximo, as constantes transformações e evoluções do ser humano.

Nem sempre se vive no mesmo “tempo”, ou possuí mesmos conceitos, conselhos, pontos de vista, etc... Uma verdadeira amizade requer grande paciência. Ela pode desafiar, exigir grandes esforços e enfrentamentos sociais ou não.

Poderia fazer mil referências sobre o que é amizade sem compreender esse “camaleão” que habita em todas as pessoas e acabar criando mais utopias que realidade, algo que existe por demais.

Há alguns anos alguém me pediu para escrever sobre “amigos”, mas nunca achei o que criei bom suficiente para passar adiante. E o que há por aí, não inspira, fantasia.

Amizade aos meus olhos, transcende as razões, o bom senso talvez... ou seria o senso comum?

No fundo o que parece simples, é complexo de se falar. As razões que unem as pessoas podem surgir da superficialidade, mas não se mantêm por estas. Nem sempre se entende porque a afinidade é maior ou menor. Mas existe algo bem clássico, que se chama conduta. Ora divide, ora aproxima, no entanto as ditas “crises” podem ser superadas se estes se colocam disponíveis. Por isso é difícil classificar. A amizade depende de quem a vive e de como costuma torná-la real. Se transcende o “eu” para torna-se fielmente “nós”... seres humanos cheios de falhas, erros e acertos, qualidades e defeitos, guerreiros, sobreviventes em tempos de guerra e paz, capazes de se ajudarem, dedicarem, amarem, perdoarem verdadeiramente o outro... estarem juntos para “o que der e vier”...Bom... aí, é nesse nível, se encontram os amigos imperfeitos porém reais e confiáveis.

E eles podem ser muitos em um ou diferentes círculos. Não necessariamente apenas 1 ou 2 como dizem, pois tudo depende de como cada um se coloca no mundo... Da forma de agregar, cultivar, aceitar e admirar o outro como realmente ele é. E no fundo isso é o que todos buscam - Acreditar que se certas frases ainda fazem sentido como “um por todos e todos por um” sem que chamas atinjam.

E assim... como a artista que se entrega a própria arte, emocionando seu público.. As palavras, ações sinceras e despretensiosas de um verdadeiro amigo...sempre tocam.

Agradeço a todos os meus amigos antigos e novos que com suas palavras, e-mails, atitudes tornam possível este texto. Em especial, a motivadora... nas suas breves e despretensiosas percepções de mim em: http://tedetudoqforcoisa.blogspot.com/2008/05/essa-mente-brilhante.html

Blog da autora: www.porque.blog-se.com.br