Lento Avanço Social

Que é paquidérmico o avanço de nossas instituições no campo social todos sabemos. Mas quando ele acontece, surgem de pronto opiniões retrógradas destinadas a impedi-lo. É o caso de posições contrárias ao fim da prisão para os usuários de drogas. Curiosamente os problemas decorrentes do uso de alucinógenos químicos acabam sendo mais freqüentes na medida em que a repressão é mais rigorosa. Tais produtos tornam-se mais atraentes quanto maior é o perigo a que seu uso se relaciona. E se maior é o rigor da proibição, mais difícil e arriscada é a obtenção. O que encarece o produto, tornando mais atraente o mercado para as pessoas que se beneficiam com a venda. Dentre elas, também maus policiais e juízes, ou outras inescrupulosas autoridades da (in)Justiça. Sem falar no fato de que, excetuando-se a maconha, as outras drogas mais conhecidas são todas obtidas no exterior. Como conseguem então entrar aqui?

É preciso que certas pessoas se lembrem de que o fim da Lei Seca foi um golpe para os gangsters nos EUA. Por outro lado, são muito poucos os que entram num supermercado e adquirem dez ou quinze garrafas de cachaça, o que não tem impedimento algum, com a intenção de consumir sozinho uma ou duas numa determinada noitada. Seja como for, o país continua caminhando, talvez seja a 7ª ou 8ª economia no mundo, comercializa com o exterior aviões a jato fabricados aqui, pensa em mandar um foguete à Lua, e nem por isso somos proibidos de comprar no supermercado quantas garrafas quisermos de uísque, cachaça, vodka, etc., conhecidíssimas drogas causadoras de memoráveis transtornos familiares e outros do tipo.

Rio, 14/02/2004

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 03/04/2009
Código do texto: T1520381
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