APENAS LEMBRANÇAS...

Quando se faz aniversário, além de comemorarmos mais um ano, é inevitável que com o incremento da idade, a gente comece a rememorar o tempo que passou e o que está indo embora. Semana passada foi minha vez. Comemorei mais um ano de vida e sendo assim, as lembranças me assaltaram à memória. Lembranças da infância na cidade maravilhosa de São Paulo (pra mim maravilhosa!). Minha cidade natal. Apesar de gostar muito de morar em Assis, guardo um verdadeiro amor por minha terra natal. Em minha infância, morei em uma pequena rua. Era uma rua sem saída. Tudo acontecia ali. Os primeiros coleguinhas da rua, da escola, os primeiros namoradinhos, os bailinhos, as festas juninas, a primeira vez que dirigi. Tudo foi ali. Naquela rua. Dali partia todos os meus sonhos. A faculdade, o primeiro emprego, o casamento.

Sempre que paramos para rememorar o passado, há um misto de alegria e angústia. Alegria por relembrar fatos bacanas, engraçados, felizes. Angústia, muitas vezes, por ter perdido aquela oportunidade, não ter tomado aquela decisão, ter pego um caminho errado. Mas jamais poderíamos viver sem nossas lembranças. Elas é que nos impulsionam a seguir em frente, sonhar novamente, não cometer os mesmos erros.

A casa da minha infância era uma casa grande, com um quintal gramado e alguns cães. Minha casa era a última da rua. Tinha um muro branco, alto e portões marrons. No fundo tínhamos um salão enorme, onde nos reuníamos, eu e meus amigos, para conversarmos, promovermos bailinhos, churrascos. Em minha adolescência vivi a época dos “Embalos de Sábado à Noite”. John Travolta, Olivia Newton John, Dancin Days e tudo mais. Era uma época de ouro! Começavam a surgir as primeiras “discotecas”. Estourava nas paradas de sucesso o grupo RPM. Logo vieram as Diretas já!, a queda do regime militar. São lembranças... Relíquias guardadas de tempos que se foram, mas deixaram suas marcas e seus ensinamentos. Hoje, ao completar mais um ano de vida portanto, tenho muito o que comemorar sim. Meu legado é fruto de um passado que foi presente, de um presente que busca no passado erros e acertos para se estabelecer e um futuro que construo com base naquilo que sei hoje e o que aprendi lá atrás. As coisas ruins? Ficaram lá, perdidas no tempo. Não as acho mais. Essas sim são lembranças, apenas lembranças...

-Crônica publicada no jornal VOZ DA TERRA, da cidade de Assis.