Um dia...
Um dia eu sonhei com o amor. Acreditava que o amor seria algo bom, traria carinho, ternura, companheirismo, momentos de luta e superação. Jamais sonhei com amor perfeito, de contos de fada. Contudo, delirava com a possibilidade de trocar aquele imenso sentimento que não cabia dentro de mim.
Um dia, sonhei apenas com a paz, com momentos sem dor, sem mágoa, sem tanta tristeza, sem ameaça de loucura ou de gélidas palavras indiferentes. Acreditava que a superação viria breve, mesmo que o breve se arrastasse em dias lentos, escuros e tenebrosos.
Um dia, sonhei com a liberdade, com a alegria de voltar a ser eu mesma, com a necessidade de expressar minha suavidade, com o brilho no olhar de luz própria. Acreditava que a alma liberta seria recomposta, que os sonhos de outrora retornaria em sua essência matinal.
Um dia sonhei com a intensidade, com a voracidade, com a energia plena, com o sabor de dias tempestuosos e profundos... Acordei com o gosto de não mais existir, com a palavra “não” estampada em outdoor.
Um dia acordei sem saber com o que sonhar.