Um dia...

Um dia eu sonhei com o amor. Acreditava que o amor seria algo bom, traria carinho, ternura, companheirismo, momentos de luta e superação. Jamais sonhei com amor perfeito, de contos de fada. Contudo, delirava com a possibilidade de trocar aquele imenso sentimento que não cabia dentro de mim.

Um dia, sonhei apenas com a paz, com momentos sem dor, sem mágoa, sem tanta tristeza, sem ameaça de loucura ou de gélidas palavras indiferentes. Acreditava que a superação viria breve, mesmo que o breve se arrastasse em dias lentos, escuros e tenebrosos.

Um dia, sonhei com a liberdade, com a alegria de voltar a ser eu mesma, com a necessidade de expressar minha suavidade, com o brilho no olhar de luz própria. Acreditava que a alma liberta seria recomposta, que os sonhos de outrora retornaria em sua essência matinal.

Um dia sonhei com a intensidade, com a voracidade, com a energia plena, com o sabor de dias tempestuosos e profundos... Acordei com o gosto de não mais existir, com a palavra “não” estampada em outdoor.

Um dia acordei sem saber com o que sonhar.

Angela Leite
Enviado por Angela Leite em 06/04/2009
Código do texto: T1526357
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