Cenas do cotidiano

Não sei porque essa dor me angustia, se, na realidade, o que eu queria mesmo era sorrir o riso mais bonito que minha boca fosse capaz.

Hoje pesquisei no dicionário a palavra mais bonita para lhe dizer; de todas a que mais me tocou foi: amor.

Com ela compus esta frase, que deixo gravada no espelho de seu quarto: amor, te amo, tá!

Saí, passeando sem rumo.

Como é triste o passear sem rumo!

Fui a muitos lugares, mas não encontrei nada que me emocionasse.

Voltei.

Quando cheguei novamente em seu quarto, a frase que eu havia escrito tinha ganho autoria: Benevides!

Meditei sozinho: bem feito! Quem mandou não assumir!

Uma peça íntima sua serviu para apagar tudo. Limpei o espelho como se limpasse a alma.

Saí, meditando: como são frios os quartos de pensão!

José Fernandes
Enviado por José Fernandes em 08/05/2006
Código do texto: T152751