Cenas do cotidiano
Não sei porque essa dor me angustia, se, na realidade, o que eu queria mesmo era sorrir o riso mais bonito que minha boca fosse capaz.
Hoje pesquisei no dicionário a palavra mais bonita para lhe dizer; de todas a que mais me tocou foi: amor.
Com ela compus esta frase, que deixo gravada no espelho de seu quarto: amor, te amo, tá!
Saí, passeando sem rumo.
Como é triste o passear sem rumo!
Fui a muitos lugares, mas não encontrei nada que me emocionasse.
Voltei.
Quando cheguei novamente em seu quarto, a frase que eu havia escrito tinha ganho autoria: Benevides!
Meditei sozinho: bem feito! Quem mandou não assumir!
Uma peça íntima sua serviu para apagar tudo. Limpei o espelho como se limpasse a alma.
Saí, meditando: como são frios os quartos de pensão!