Cenas em preto e branco
Nesses momentos, em que a madrugada abraça a solidão de uma mente perturbada, a escuridão surge como um alento acolhedor, devastando a pretensa intenção de acolhimento e exposição.
Paredes coloridas permanecem entre quatro paredes, nada penetra a fantasia de metais sonoros, metade permanente de um quadro em preto e branco.
Sensações disformes penetram numa sala vazia, meticulosamente preparada para uma cirurgia verbal. Açoites tomam forma de bisturis cegos, cortes e recortes em meia lua.
Fagulhas que queimam uma alma cansada do silêncio ferino e devastadoramente cruel.
Mente que se retorce ao lembrar as dores provocadas pela pretensa tortura da indiferença...
Homem indigno do que inspirou, gargalhando sobre um cadáver martirizado.
Raiva amplificada nos questionamentos incolores diante de sorrisos de escárnio...
Pausa, soluço e raiva. Uma trilogia deveras necessária para arrancar o pensamento insano de credulidade...
Os dias passam, as noites se vão e a sensação do corte de uma cena, antes que a peça acabasse, permanece!