Interrogações na madrugada vazia

Neste momento, nenhuma palavra ou pensamento pode expressar o que estou sentindo. Parte de mim quer desabar num choro compulsivo, infantil, outra parte quer gritar, espernear, revoltar...

Quero compreender o que meus sonhos estão dizendo, por que a noite tem sido tão dolorosa, com manhã recheada de olhos lacrimejantes.

O que meus pensamentos noturnos estão a falar, gritar? Será que não consigo escutar o meu interior?

Revolto, debate-se contra minha surdez cotidiana e tenta comunicar-me o que minha suposta lucidez não consegue compreender?

Perdi a comunicação interior. O cansaço matinal, crescente, apenas alerta para o som que não me permite dormir, para o tic tac constante de um celebro esgotado de palavras impessoais.

A teoria me preenche dias e noites, mas não preenche o subconsciente, os sucessivos sonhos que teimam em surgir na madrugada fria. Rolo na cama sinto frio, calor...

Levanto pela madrugada, olho a escuridão do quarto, olho pela janela e a claridade lá fora, vinda da lua, me mostra o verde escurecido das árvores, o silêncio que se manifesta adequadamente, o dia ainda não chegou.

Volto para cama, ainda encontro o calor que meu corpo deixou no lençol macio. Deito e volto a dormir... Os sonhos insistem em retornar.

O dia amanhece e o despertador me faz lembrar que é hora de recomeçar. O cansaço não deixou meu corpo, nem a minha mente.

Resta-me tomar um banho gelado, despertar completamente e recomeçar a jornada diária.

Mas, sobre o que mesmo eu estive a sonhar?

Angela Leite
Enviado por Angela Leite em 10/04/2009
Código do texto: T1532846
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.