PELO SIM E PELO NÃO

O ditado é antigo e quando se diz que entre o “sim” e o “não” estão delimitados os pontos cruciais de uma decisão, de fato não se está cometendo nenhum exagero. Entre um e outro, só ficam aqueles que a cultura popular consagra como a turma do “encima do muro” , ou seja , os sem posição, cuja personalidade de tão fraca não permite assumir um ponto de vista. Já nem se fala de defendê-lo - “assumir a causa” - mas apenas de abraçar a ideia. A imprensa diariamente repercute as diversas situações que o mundo nos oferece para que, enfim, possamos aderir ou não. Concordar ou discordar . Repudiar ou aprovar.

Os freqüentadores mais covardes do muro sempre encontram uma justificativa para sua inércia e vem com aquela conversa pobre de que “minha opinião não muda nada mesmo” . Só que muda sim, e muito ! – A opinião pública com o advento da internet tem se tornado num dos mais fortes elementos de transformação social e obstáculo quase intransponível às velhas práticas de manipulação das informações. Assim pois, que devemos incentivar e exercitar a emissão de opiniões e exaltar ao máximo a livre investigação de todas as verdades.

Duas crônicas que escrevi recentemente – “Pero no Mucho” e “A Saúde da Segurança” repercutiram mais que muita matéria jornalística e até mesmo “sacudiram” algumas estruturas corporativas que quase invariavelmente “brecam” seqüências de matérias sobre temas que não lhes convenha. Ou seja, o que importa destacar é que muitas vezes a imprensa diz SIM para determinadas matérias, mas diz NÃO para a seqüência investigativa.

Por isso creio que o mais importante é saber que muitas cabeças privilegiadas que não haviam despertado para o enfoque defendido nessas crônicas independentes , passaram a aderir à massa crítica no entorno dos temas, elevando e exponencializando o debate , tudo , graças à simples e nada difícil decisão de escrever, vertendo ao texto uma idéia, uma proposta de debate.

A imprensa que deveria repercutir muitos desses assuntos que a sociedade reclama, parece comprometida com nuances de poder político e econômico que – como nunca na história recente – comprometem a independência desse setor que tantos e relevantes serviços já prestou para a sociedade brasileira. O silêncio sobre temas e acusações que rodam por aí soltas na grande rede, envergonha e desilude ao cidadão mais esclarecido.

Nossa tarefa como livres investigadores da verdade e defensores do livre arbítrio é a de incentivar as manifestações de pensamento e fazer circular esse senso soberano pelo maior número possível de indivíduos influentes, quer no universo do bairro ou da vila, quer nas cidades ou estados. Vale encerrar esta crônica com o pensamento do estadista irlandês , John Philpot Curran , que escreveu : "É comum o indolente ver seus direitos serem tomados pelos ativos. A condição sobre a qual Deus dá liberdade ao homem é a eterna vigilância; se tal condição é descumprida, a servidão é, ao mesmo tempo, a consequência de seu crime e a punição de sua culpa" .