MATERNIDADE RESPONSÁVEL

MATERNIDADE RESPONSÁVEL

Maria Teoro Ângelo

Ser mãe é sublime e crianças são presentes na vida das pessoas. Quando a mãe conta com a ajuda do pai, fica mais fácil, porque se supõe que tudo possa ser dividido ou somado conforme o caso. A estrutura dos lares nem sempre obedece ao modelo ideal de família unida e feliz como nas cenas de comercial. Muitas mães , por motivos variados, criam seus

filhos sozinhas, com obrigações em dobro e recompensas nem sempre

Muitas mulheres e principalmente as mais pobres não se preocupam com o número de filhos que devem ter. A conseqüência é uma perpetuação da pobreza, uma vez que não conseguem alimentar, vestir e educar tanta gente. O número de crianças de rua aumenta e tudo o que decorre daí cresce em grandes proporções.

A gravidez na adolescência é outro fato a ser considerado. As campanhas e a educação sexual nas escolas não têm surtido efeito e as meninas querem ser mães como prova de amor ao namorado, para não perdê-lo e até para ter um filho que vai preencher a sua solidão. É a maternidade desejada , nas inoportuna. Os projetos pessoais, o estudo e o trabalho ficam atingidos , postergados ou abandonados definitivamente. Além disso há o risco das doenças transmissíveis e o perigo de vida que correm as mães novinhas demais, com menos de catorze anos, que além da imaturidade psíquica, têm a imaturidade física.

Há um trabalho do governo na distribuição de contraceptivos, mas as pessoas de um modo geral e os adolescentes parecem não levar a sério. Por mais que os pais, a escola e a sociedade aconselhem, são muitas garotas tendo filhos de pais diferentes, um atrás do outro e enchendo de desespero os responsáveis por elas e a partir daí pela criança que vai nascer.

Os homens raramente assumem a paternidade e um teste de DNA demora e é caro. Muitos

deles são desempregados e sobra para os avós responderem pela pensão alimentícia.

Como se pode ver, o romantismo em torno de ser mãe é em alguns casos uma realidade difícil, complicada e cruel. Para as mães e para os filhos. Para a família e para a sociedade.

É realmente muito carinhoso homenagear as mães, dedicar um dia a elas, mesmo com a pressão do comércio que condiciona os filhos ao dever de presenteá-las. O problema é que muitos filhos não têm dinheiro e outros não têm mães. Não ter mãe é mais grave. As escolas iniciam uma maratona de homenagens e presentinhos para as mães. Já assisti a muitos ataques histéricos de alunos que sofriam pelo fato de não terem mães. Quem iriam levar para a homenagem? A quem dariam o trabalhinho artístico que confeccionaram?

Uma atitude mais humana e mais coerente com os tempos em que vivemos seria fazer o que muitas escolas fazem: No dia das mães e no dia dos pais passaram a homenagear a família.

É difícil para uma criança órfã desenvolver redações com títulos ultrapassados: Minha Mãe. Os professores devem conversar com a classe, com alunos em particular, e deixá-los abrir o coração.Ouçam o que eles têm a dizer. E se o objetivo é fazer a descrição de uma pessoa, deixe-os livres para descrever qualquer mulher. Inclusive suas mães, se desejarem.

Quando uma mulher resolve ser mãe, em tese, ela fica para sempre refém desse amor, dessa preocupação que dura a vida toda e de uma responsabilidade que não pode delegar. Por mais que procure acertar, por mais que se esforce, será sempre o assunto mais falado nos divãs dos psicanalistas.

Mais uma vez, reitero o que penso. Filhos, menos homenagens e mais motivos para fazer feliz a mãe que os criou.

Maio de 2006

Lillyangel
Enviado por Lillyangel em 11/05/2006
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