NOSSO MINISTRO E OS AGROTÓXICOS


Foto de Arnaldo Agria Huss

O Jornal da Band exibiu uma matéria em 15 de abril de 2009 mostrando o excesso de agrotóxicos contido em alguns alimentos normalmente consumidos pela população. Os maiores vilões foram o pimentão (campeão com mais de 65% de amostras irregulares), a cenoura, o morango e a uva, esses com mais de 30% de amostras.

     A adição de agrotóxicos nas plantações é permitida e regulamentada pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, mas como tudo neste país, essa e outras tantas regulamentações são totalmente ignoradas e a população que se... Ora, a população!!!

     Segundo mostrado na matéria, agrotóxicos utilizados fora dos padrões aceitáveis podem se transformar em grande perigo à saúde, com o risco inclusive da pessoa que consumir alimentos nessas condições vir a contrair câncer.

     A matéria segue com as didáticas explicações de nutricionistas a respeito do que pode ser feito para minimizar os efeitos dos agrotóxicos.

     Muito bem. Ao final, a repórter entrevista nosso ilustre ministro da saúde José Gomes Temporão (médico, por sinal) que se saiu com essa verdadeira estupidez: “Lá em casa nós já deixamos de consumir esses alimentos. Agora, fica a critério de cada um”.

     Quer dizer, nosso ministro passa a impressão de ser conivente com o que fazem os produtores em suas plantações no que diz respeito à adição de agrotóxicos. Ou tais produtores formam um cartel tão poderoso que Temporão prefere nem se meter com eles, pois sabe que é batalha perdida.

     O infeliz comentário do ministro levou o apresentador do Jornal da Band, Ricardo Boechat, a fazer uma observação onde mostrou toda a sua indignação, no que foi acompanhado por Joelmir Betting.

     Fica aqui a minha indignação e o registro de mais uma sacanagem para com a já sofrida e desesperançosa população brasileira, obrigada a aturar tanta desfaçatez e tantos desmandos de seus políticos em tão pouco espaço de tempo.

     Agora, pense bem! Um país que ainda não conseguiu erradicar a dengue e a febre amarela e, paradoxalmente, predispõe-se a emprestar 4,5 milhões de dólares ao FMI para satisfazer o ego de seu presidente “operário” (sic), não pode realmente ser levado a sério e nem demonstrar preocupação com seus pobres filhos. Seria esse um dos motivos para a obtenção da cidadania italiana pela prole do presidente, por sugestão da primeira-dama?

     É impressionante como depois de tanto tempo (década de 60), a frase do general e ex-presidente da França, Charles De Gaulle, dizendo "Le Brésil n'est pas un pays sérieux" - "O Brasil não é um país sério" -, ainda pode ser considerada tão atual.

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