EXCOMUNHÃO

E a tal excomunhão bombou na net...

Todo mundo teve direito de falar, opinar ou simplesmente ignorar...Mas e aí?

Nosso conceito de democracia limitou-se as muitas palavras?

Eu falo, tu falas, ele fala e nós deixamos como tá pra ver como é que fica. E aquele papo de que a fé sem obras é morta? Morreu?

Não vi ninguém atirar um ovo pobre no tal Dom josé Sobrinho...

Será que atirar ovos podres em bispos dá excomunhão?

Ora bolas, então aonde estão os ateus, meu Deus?

Cadê os humoristas? Nenhuma piada, nenhum gracejo...e olha que o velhinho é feio de doer...

Então sobrou pra mim...

Num de meus delírios fui arrebatado a sala de espera do tribunal celeste onde os bispos eram julgados. Lá encontrei Dom Helder Camara e Dom José Sobrinho.

Dom Helder estava sorridente, feliz, porque finalmente iria poder se encontrar com Jesus. Já Dom José Sobrinho indiferente a minha presença lia concentrado o codigo do direito Canonico.

De repente uma voz (acho que era de São Pedro): Helder Pessoa Camara, arcebispo emérito de Olinda e Recife, conhecido como a Voz dos Sem Voz, entrai para o julgamento.

Dom Helder me abraçou e disse:

- QUE NOSSO SENHOR SEJA MISERICORDIOSO COMIGO.

Tentei seguir seus passos mas São Miguel Arcanjo me barrou:

- Aprendiz de escritor é julgado na sala da umbanda...

Como tinha consciência de não estar morto preferi esperar.

Meia hora...Nada...Lá dentro o som do coro celestial cantando Asa Branca e o xote das meninas...

Mais dez minutos e sai Dom Helder ladeado pelos espiritos iluminados de Frei Tito e Zuzu Angel.

- Peguei quatro meses de purgatório...Mas estou feliz...Jesus é 10

E seguiu seu destino dançando de alegria, enquanto Zuzu cantava Panis Angelicus acompanhada pelo pandeiro do Frei Tito.

Mais uma vez ouvi a voz de S. Pedro: José Cardoso Sobrinho arcebispo de Olinda e Recife, doutor em direito canônico. Entrai a sala dos julgamentos...

Dom José levantou-se, ajustou sua cruz peitoral, colocou o direito canônico debaixo do braço e entrou.

Esperei para ver...

Uma hora. Nada. Silêncio absoluto.

Três horas. Silêncio de necrotério.

Doze horas e finalmente a porta se abre...

Mas para minha surpresa quem sai lá de dentro é Jesus Cristo chorando...

- Ele me excomungou...ele me excomungou....

Ainda bem que foi apenas um delírio.