Eu...

Costumo dizer que sou apenas a essência do pó estrelar que compõe todos os elementos do Universo, e não passo disso…

Escrevo desde sempre, mas para jornais desde a adolescência, sendo que vêem desde essa altura os primeiros prémios literários, que ganhei quase sem querer, pois eles eram atribuídos às melhores publicações de uma dada semana, e eu limitava-me a escrever para ver o meu trabalho publicado sem pensar nos prémios, porque o que queria era ser lido…

Escrevo por amor, porque a escrita e a leitura são algo com que não consigo deixar de viver. Podem-me tirar tudo, mas peço que nunca um livro e um caderno de apontamentos.

Não sei se aquilo que escrevo tem qualidade, francamente não sei…sei que gosto de melhorar, sei que gosto do que escrevo, adoro imaginar poemas e histórias e dar-lhes o corpo de livros.

E desde a altura das primeira publicações em jornais com secção dedicada a talentos emergentes que me destaquei, e que quando publicava ou ganhava os referidos prémios que todos os meus colegas e professores fotocopiavam a parte do jornal onde vinham os meus escritos e, num intervalo escolar, faziam fila perante mim e exigiam que autografasse o seu exemplar e com dedicatória.

Queredo!

Eu dar autógrafos?

Não, confesso que detesto tal, então dedicatórias…

E detesto porque me considero igual ou menor a quem mos pede, e por isso quem sou eu para escrever o meu nome e palavras personalizadas?

Ninguém!

Mas se me pedem, é claro que dou, e tento personalizar ao máximo a tal dedicatória, porque as pessoas gostam e porque eu gosto das pessoas.

No site onde escrevo é raro responder a comentários, pela mesma razão…

Mas não sou imune a esses comentários e com algumas pessoas mantenho contacto por mail, embora fique deveras impressionado pois essas pessoas quando recebem um mail meu ficam contentíssimas, porque alguém de que adoram a escrita as contactou…

Não percebo a razão de tamanha admiração, pois não me considero nada de especial, bem antes pelo contrário…

Então agora que publiquei um livro on line, amigos ou conhecidos meus que o compraram querem imprimir esse livro e querem um autógrafo e uma dedicatória…A coisa só vai acontecer daqui a dias, mas já estou arrepiado…

Tenho vários livros autografados pelo seu autor, sendo que o que gosto mais é o autógrafo de Luís Sepúlveda, mas esse homem é genial, tem uma vida e uma obra que merecem que sejam criadas sessões de autógrafos…

Eu…eu não sou nada…

É claro que me dedico àquilo que faço, que me documento, que nunca estou parado, que tento sempre ir mais além, numa meta pela qualidade, numa corrida contra mim próprio, pois eu sou o meu maior adversário…

Sou apenas um sonhador que tem a possibilidade material de verter os meus sonhos para o papel, e não passo disso…

Continuo o mesmo garoto de 16 anos que ganhou o seu primeiro prémio literário, continuo a ter o mesmo gozo de começar uma nova obra como se fosse a primeira vez que o faço…

Continuo a ser o mesmo idealista, a criança amante do Universo, já mais velho na idade mas incorruptível nos sonhos e nos ideais com que desde muito cedo decidi nortear a minha existência.

E sinto-me portentosamente orgulhoso por gostarem do pouco que sou ou por gostarem da minha escrita, pois como disse escrevo por amor, porque sinto amor em tudo, mas tudo o que faço.

Mas como disse…sou pequenino, muito pequenino, sou apenas a essência do pó estrelar que compõe todos os elementos do Universo, e não passo disso…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 17/04/2009
Código do texto: T1543822
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