Fantasias.

Enchemos nossa vida de fantasias, acreditando que assim, viveremos melhor. Preenchemos todas as lacunas com elas.

Fantasias nada mais são, do que mentiras. Quanto maior a fantasia, maior a mentira, ou ilusão, como preferem alguns.

Durante boa parte da nossa vida, as fantasias são necessárias para mantermo-nos ativos, indo em busca de nossos objetivos, muitas vezes calcados nelas. E, como são fantasias, sofremos muitas desilusões, ao longo da caminhada.

Com o passar do tempo, com a chegada do amadurecimento, começamos a compreender que sobrevivemos sem elas. Que elas são bengalas que usamos para suportar nosso dia-a-dia. Trabalho, família, sociedade.

Nossa vida é cheia de pressões de todas as formas, conviver é difícil. Participar da realização das fantasias dos outros, exige um esforço, um autodomínio imenso.

Vamos somando desilusões, desfazendo fantasias. Crescemos emocionalmente. É doloroso. Mas a criatura que emerge diante da realidade que passa a direcionar nossos objetivos, é um ser melhor, em todos os sentidos.

Durante algum tempo, viveremos amargura, tristeza, pois assumirmos o ser que realmente somos, aceitarmos a vida que realmente está de acordo conosco, é um processo bastante cruel. Sobrevivemos e perseverando, poderemos descobrir que muitas das fantasias da juventude, poderiam ter sido realizadas, se não nos tivéssemos agarrado a elas com tanta avidez, que em nossas escolhas, acabamos por mantê-las somente fantasias, por segurança, por medo das mudanças, por temermos o julgamento dos outros.

E, perseverando, com mais lucidez, na maturidade, mais seguros, poderemos realizar algumas das fantasias, pois até elas, com o passar do tempo, tornam-se mais viáveis, menos chocantes.

Deixar de fantasiar, não é viver com menos colorido. A vida assumida, tal qual ela é, para cada um de nós, tem o colorido que quisermos dar a ela. Depende do olhar. 19/04/2009