"Ninguém sabe o duro que dei"

Não vi mas já gostei.

Soube que um documentário com esse título vai ser lançado brevemente e pretendo não perdê-lo, pois fala da vida de um grande artista, com certeza o mais injustiçado de tantos outros cujo talento também foi bloqueado por preconceitos e verdades inventadas.

No nosso país, isso ocorre com muita frequência, mas no caso dele foram pulverizados todos os limites. Ele foi simplesmente esquecido. Haveria castigo maior para um artista consagrado do que desaparecer ?

Sucesso maior ou equivalente aos grandes de então e que até hoje são gigantes:  Roberto Carlos, Chico Buarque, Caetano Veloso... Um dos melhores cantores brasileiros de todos os tempos, elo de ligação entre a bossa nova e a MPB, excepcional domínio de uma voz privilegiada. Excelente nos discos, gênio ao vivo.

Tudo isso e uma característica inaugurada por ele e não igualada até hoje. Foi o primeiro show-man Brasileiro. Comandava a platéia, que com ele cantava os grandes sucessos ou silenciava respeitosa.

Reinventava clássicos populares e os enfeitava com sua alegria e seu "suingue" fazendo com que os milhares de assistentes dos seus shows ao vivo se tornassem seus coadjuvantes no ritmo e na alegria.

http://www.youtube.com/watch?v=qoBkkFTO-Xc

Participou de duetos inesquecíveis(Sarah Vaughan, por exemplo) ou, como fez Jair Rodrigues com "Disparada" , se tornava o mais compenetrado e sério cantor da praça, dependendo do tema e da música.

http://www.youtube.com/watch?v=FH0Ws4Sw0ZE

Eu tive o privilégio de participar de um show dele. E a palavra é participar mesmo, pois não se assistia ao show, participava-se. Valeu muito a espera de mais de 1 hora além do horário marcado.  "Marrento" ele era. Como um Romário precoce, podia demorar para aparecer mas quando entrava na área não decepcionava. Gênio, gênio...

Foi dos mais requisitados e bem pagos artistas da década de 60, mas... ex-militar e negro. Bem sucedido com as mulheres, gostava das loiras e de carrões último tipo. Negro, num Brasil quase tão preconceituoso como hoje.

"Espere só, moleque safado..."

Quem viveu, sabe. Sumiu como que por desencanto, desapareceu como muitos dos que naqueles tempos da década de 70 entravam nos corredores sujos e fétidos (não tanto como os das muitas brasilias de hoje) da ditadura e não saiam do outro lado. Ele foi injustamente acusado de ser informante dos militares, por ser ex-militar, rico, bem sucedido mas principalmente por ser negro. 

Trinta anos se passaram e só há pouco tempo e após uma luta insana da família, ele foi finalmente reabilitado e inocentado, só que já não adiantava nada pois estava morto = Wilson Simonal.

Nilsson
Enviado por Nilsson em 21/04/2009
Reeditado em 25/03/2011
Código do texto: T1550812
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