A história do Petrusco

Calô ou Pepê, era assim que eu chamava a Calopsita (Cacatua) que havia ganhado no meu aniversário. Vou me referir à ele como uma ave macho, depois, falarei da sua sexualidade. Seu nome era Petrusco, batizado assim pelo amado poeta Petrus, mas eu sempre dizia que ele não tinha cara de Petrusco, para mim, esse é nome de adulto e o Pepê, era uma doce criança. Na verdade, ele gostava mesmo era que déssemos o dedo para ele vir até a gente, quanto ao nome, nem ligava. Brincalhão, barulhento, todos os dias acordava cedo e ficava no pé da escada chamando, até alguém aparecer para coloca-lo sobre a pia onde saboreava pão, arroz e folhas escuras,depois, como um menino independente, voava para o chão, sabendo que iria ao jardim cortar folhinhas enquanto nós varríamos e regávamos as flores. No decorrer do dia, Calô fazia várias traquinagens, Puxava o cadarço da bota do pai (Pedro), bicava os cestos de vime arrancando lascas, mas o que mais gostava de fazer era virar o comedouro só para espalhar a comida no chão, e, ficava quieto só aguardando a gente ir lá colocar novamente a alimentação. O pai um dia trouxe alguns tenébrios para ele comer, mas qual! Torceu o nariz e os bichinhos ficavam lá se mexendo e nada dele comer nenhum. Também tinha um parque de diversão com balanço e uma pedra pome para lixar o seu bico.

Passeava de carro no ombro do Pedro, vez por outra, fazia ali as "suas necessidades" , nem importava se a camisa era nova, limpa, afinal, ele se sentia o “dono do pedaço”, e era. Um dia nos deu um tremendo susto, sumiu! Procurei a casa inteira, o pai também ficou desesperado, e ele, como um adolescente se sentindo gente grande, apareceu só quando sentiu fome, até hoje não soubemos onde ele havia se escondido.

O tempo de vida dessa ave é cerca de 30 anos, quando criada livre, mas em gaiola, uns 15 a 20, por isso, optamos em deixa-lo solto, vivia pela casa bicando o que achava pelo caminho. Adorava brincar de esconde-esconde...nos chamava e quando chegávamos perto, corria e ficava escondido atrás da cadeira, mesa ou do sofá, só olhando disfarçadamente, era um menino levado...Mas, ultimamente passou a se opor à mim. Ia pega-lo e ele queria me bicar ou corria para longe, quando o Pedro chegava, além de ir para o seu dedo, subia no ombro e cabeça, desconfiei que era fêmea, ficava toda prosa com a chegada do dono, disse logo: “Essa Coca é Fanta”, passei a vê-lo como menina. (agora falarei como sendo ela). Então, ela ficava nos pés dele na hora do almoço, chamando para brincar, e ele zombava de mim dizendo que ela era mais dele do que minha, eu não ligava, sou mãe de filhas e sei que elas nos amam, nos respeitam mas são xodós do pai, fazer o que?

Ontem ao sair para o trabalho, peguei-a no jardim e coloquei no seu parquinho, almoçamos e saimos, mas esquecemos de ir nos despedir da Calô, quando chegamos à noite, verificamos que ela não estava no poleirinho, imaginamos que havia dormido em outro local, já que ficava solta pela casa. De manhã, o silêncio nos acordou, sentimos falta de seu grito querendo a nossa presença, achamos estranho. Pedro abriu a porta que dá para o jardim e viu plantas cortadas e penas espalhadas pelo chão, me chamou, mostrou e procuramos qualquer sinal ... nada da Calô... seguimos as penas...

Concluimos que fora pega por um gato que vivia passeando pelo quintal, mas creio que o animal pegou nosso bebê e fugiu, não vimos sangue pelo chão.

Ele saiu enquanto nos preparávamos para ir ao trabalho, acho que queria nos acompanhar...ficou preso para fora de casa, foi vítima inocente.

Agora, estou aqui, morrendo de saudade..., à ela, presto a minha homenagem pelo tempo que viveu conosco, foram quase quatro meses...uma pena que não morreu de velhice, mas o período em que morou em nossa casa, sei que foi feliz, restaram as fotos que fizemos, e, caso haja o céu das aves, ela deve estar lá, brincando com seus amiguinhos todos. Pelos dias em que convivemos...VALEU!!!!

Obs:

Breve homenagem à essa ave que mais parecia uma criança. Entre os presentes que ganhei, o mais especial. Obrigada, Pedro. Não importa o tempo que durou esse amor, importa que enquanto durou, foi intenso.