Não se pode ter meia-consciência, isto é, quando  está  com os bons, fazer o bem; 
quando está com os maus, seguir o mal. A consciência tem que ser única!"
(Padre Pio de Pietrelcina)


                       A GAVETA DAS MEIAS... Não Abriu!

 
          Meninas! Estou aflita. Está quase na hora do desafio e ainda não  consegui escrever meu texto. A gaveta das meias emperrou e, por mais que eu tente, ela não abre - nem fecha. Já chutei, já xinguei, chorei e... Nada! Droga de meias. Nunca gostei de meias, não sei por que fui gostar tanto desse tema. Hoje elas resolveram se vingar. Malditas meias! 

          Também, tudo culpa dessa minha mania de querer ser inteira em tudo. Se eu sofro, ou se eu sou feliz, tudo é em plenitude. Se eu choro é de corpo e alma, se eu sorrio é com toda a força de meu ser. Mas, hoje eu preciso de uma gaveta de meias. E vou abri-la. Nem que para isso eu me vire pelo avesso, inteira. 

          Acho que vou tomar meia taça de champanhe, assim, quem sabe, aparecem as meias que preciso! Meia xícara de café? Meia caneca de leite com canela? Preciso mesmo é de palavras inteiras. De inspiração. Não vou ficar de fora deste desafio, nem que eu tenha que tricotar, sem saber, umas meias de lã. 

          Talvez essa ausência de inspiração seja culpa da meia sem par que encontrei ontem. Por que há tantas meias solitárias em nossas gavetas? Para onde vão seus pares? Que caminhos encontram e por que preferem ir sozinhas deixando para trás suas companheiras de tantas viagens? Por que elas continuam lá, esperando aquela que se foi? 

          Antes que o dia termine eu preciso concluir esta conversa sem sentido sobre meias. Acho que estou “meia” azeda. Queria que este desafio tivesse a participação de todo o grupo. Que meias palavras fossem suficientes para que todas se sentissem amadas e queridas. Não queria que a caminhada fosse abandonada pela metade. Há meias penduradas no varal, secando, esperando suas donas virem resgatá-las.

          Há um coração inteiro de carinho por todas vocês; uma vontade enorme de fazer valer a verdade mais universal que conheço – meias-verdades não existem. A verdade é que esse grupo será sempre um lugar para exercitar nosso talento, nossa criatividade, nosso amor pelo exercício de escrever/ler. 

          E a minha gaveta de meias não abriu, mas meu coração pede, humildemente, vamos continuar todas juntas, não somos pessoas de meias palavras e, talvez por isso, às vezes, a comunicação fique difícil. Somos belas e inteligentes garotas querendo crescer e aprender. Vamos juntas fazer isso, através de nossos desafios. 

          Acho que vou desistir. Dizem que, quem tem vontade, tem a metade, assim tenho minha meia participação. Afinal, vontade é o que não tem me faltado nos últimos dias.  

          
Vontade de acordar sorrindo com você abraçando meu corpo; vontade de viajar para bem longe e correr livremente pelos campos, segurando suas mãos; vontade de ir para algum lugar onde trabalhar seja proibido e viajar não seja permitido, só se for a passeio; vontade de ler um e-mail onde esteja confirmada a presença de todas no desafio; vontade de escrever um texto bem bonito, que traga de volta todas as meias que saíram da gaveta, deixando outras solitárias e saudosas. 

          Sabem por quê? Porque um amigo que parte é nossa meia predileta que nos deixa sem aconchego numa noite de inverno. Minhas meias continuarão ali, no varal, até o momento em eu possa colocá-las juntinhas, na gaveta de meu coração, protegidas pelo suave toque de minha alma. 


                                  

Este texto faz parte do IV Desafio Recantista. Conheça os outros textos:
http://www.escritoresdorecanto.xpg.com.br/desafio200904.htm

                                                   
                                                       
Boa Leitura!!!


Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 28/04/2009
Reeditado em 21/11/2009
Código do texto: T1565320
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.