O BRAZINHA - DINÂMICO, JOVEM E INFORMATIVO

Ainda na minha adolescência, em 1975, quando eu tinha apenas quatorze anos, eu e o meu grande amigo Caló, Roberto Vieira de Lima, criamos o jornal “O Brazinha - Dinâmico, jovem e informativo.” Eu e Caló éramos tão amigos que o seu pai, o saudoso João Bilíndia, pai da maior família de intelectuais de nossa cidade, me chamava de Calozinho. Caló era o Diretor do jornal e eu era o vice.

“O Brazinha” era um semanário e nele publicávamos aniversários, casamentos, paqueras e outras fofocas, ditas como sociais. Mas, também havia artigos importantes sobre esportes, acontecimentos religiosos, pensamentos, piadas, palavras cruzadas, charadas, notas internacionais e política. Tudo sem interferência do poder público e sem partidarismo.

Um dos nossos grandes colaboradores era o saudoso amigo, grande historiador condadense, Ludovico Gouveia de Andrade, que nos enviava artigos e principalmente as charadas com o pseudônimo de Luiz do Bairro. Mas ele também assinava alguns artigos, como um grande escritor que sempre foi. Vejamos uma crônica, de sua autoria, publicada no jornal “O Brazinha”.

Recife, 03 de abril de 2009

BANDEIRA DE FÉ E ESPERANÇA

Ludovico Gouveia de Andrade*

É compreensível que nem toda gente alcance o valor educativo de um jornalzinho como “O Brazinha”. Mas, que ele é um fator importante na formação da juventude, não há dúvidas. Além de habilitar no traquejo da composição aos que nele escrevem, é uma escola de comunicação escrita entre os próprios companheiros e com a comunidade em geral.

E nós, os já amadurecidos pelos anos, pais e até avós, devemos incentivar à mocidade para que preencha suas horas de lazer, não com vícios e nem convivendo entre corrompidos e estagnados, e sim se apegando aos bons livros, ouvindo os mestres e conversando com gente de bem.

Não é só o movimento corporal a razão da vida. Viver, principalmente quando se é jovem, é aspirar ao melhor, é ter ideal, é movimento físico e espiritual, é intelectualização, é ter coragem de lutar pela sua melhoria e a do mundo também. Decrepitude prematura, a não ser por motivo de doença, é aberração contra a natureza e infração à Lei de Deus.

Para os jovens rapazes e moças, que fazem “O Brazinha”, eu trago o meu abraço amigo. Não abraço de quem se despede, mas o abraço de quem quer continuar ao vosso lado, se alegrando com o progresso, se alegrando com a plêiade juvenil de nossa cidade, que resolve fazer um jornal mimeografado para o seu aprimoramento intelectual e a sublimação de seu caráter.

Enquanto vocês redatores de “O Brazinha”, escrevem coisas edificantes e fazem inocentes fofocas entre os namorados, nós lhes rendemos homenagem, por desfraldarem uma BANDEIRA DE FÉ e de ESPERANÇA em uma terra digna de maior grandeza. Pra frente BRAZINHA.

Condado, 31 de março de 1976

*Escreveu os livros “De Goianinha ao Condado” e “Simples Coletânea”