O MARAVILHOSO ESPETÁCULO DA MATERNIDADE

Todos os anos, quando chega o Dia das Mães, alguns pais também recebem os parabéns. Porque, para os seus amigos, sua família e seus conhecidos, eles agem, em relação aos filhos, como se costuma acreditar que só ajam as melhores mães.

O que muita gente não entende é que há uma natural diferença entre o jeito de ser uma mãe amorosa e o jeito de ser um amoroso pai. Pai e mãe têm papéis diversos e passeiam, pelo imaginário dos filhos, por caminhos diferentes: a mãe é o ninho e o pai, a rede de proteção.

Deixando de lado os que descumprem os seus papéis no ciclo da vida — ou aqueles que, por algum motivo, precisam assumir o papel do outro — pai e mãe têm, mesmo, funções diferentes na vida e na formação dos filhos.

Da mãe, é, com certeza, o ônus físico e biológico de trazer alguém a este mundo. E dela, também é, na maior parte das vezes, o cansaço que, depois de vir ao mundo, todos os filhos são capazes de causar.

Primeiro, é o cansaço físico, da mamadeira e da troca de fraldas aos deveres da escola. Depois, são as rebeldias da adolescência. Em seguida, as definições do futuro, do vestibular ao casamento. E por último, aquela tarefa, que não termina nunca, de dividir, com eles, os sonhos e as agonias, pelo resto da existência.

O tempo passa, e os filhos continuam a ser “as crianças”, como jamais deixaremos de chamá-los. Porque filho, como dizia a minha mãe, ou é uma dor de cabeça ou é um nó na garganta.

No espetáculo da vida, como sabem todos, a mãe é sempre a atriz principal, que brilha, por mérito e por aclamação, da platéia e da crítica. Afinal de contas, o seu texto é o mais lírico, os holofotes estão sobre ela e o seu desempenho é o mais exuberante.

Por trás das cortinas, no entanto e na maioria das vezes, há alguém, que nem sempre é percebido pelo público, que cuida da iluminação, que acende os holofotes, que levanta as cortinas e que controla os “efeitos especiais”.

É o pai, que desempenha o seu papel de rede de proteção, que sofre e se angustia do mesmo jeito que a mãe, pelo que acontece ou pode acontecer com os filhos. Mas, nem sempre é notado, exceto, naturalmente, quando algo sai errado na apresentação...

É, então, que surgem aquelas falas inesperadas, no palco do grande teatro da vida:

— Deixa o seu pai chegar...

— Isso, você decide com o seu pai...

— Quando o seu pai chegar, você vai ver...

É quando entra aquele ator coadjuvante em cena e diz o seu texto de improviso:

— Menino, respeite a sua mãe!

— Pode não, que a sua mãe vai ficar preocupada.

— Esteja em casa antes das onze, senão a sua mãe não dorme!

Fazer o que? Se o diretor da encenação, aquele lá de cima, só nos deixou ser coadjuvantes, o que nos resta é abrir as cortinas, acender a ribalta e, ao final de tudo, ainda ajudar o público a aplaudir o maravilhoso espetáculo da maternidade.

Dos bastidores... E como se não tivéssemos nada a ver com tudo isto.