Os lotéricos

Não sou muito de apostar. Aliás, não sou de jogar. Esses dias, meu time de futsal do condomínio apostou dois litros de coca-cola com o time adversário. Meu time ganhou graças as minhas defesas, mas fiquei sem a coca, por que justamente não entrei na aposta. Ao contrário do que muitos vão dizer, eu posso falar de apostadores. Sou repórter, e como tal, faço matérias de todos os tipos. Inclusive em uma lotérica.

Não dar para entrar em uma lotérica e sair sem perceber os tipos de pessoas que visitam. Eles são tão abertos, mesmo querendo se esconder. Na quarta-feira passada, a Mega-Sena sorteou mais de trinta mil reais. E essa era minha missão, mostrar os sergipanos fazendo uma fezinha para mudar de vida.

Como as lotéricas não vivem só de apostas, muita gente aproveita o local para pagar as contas. Só para isso. Esses parecem que olham para os apostadores com um desdém de quem ver a escória da sociedade. Entram, pagam suas contas, e logo saem, na tentativa de não deixar vestígio. Mas nesse dia deixaram. Apareceram no jornal, que falava de apostas.

Existem os que pagam as contas, e fazem uma fezinha para não precisar pagar mais as contas. Passam mais de dez minutos no caixa. Afinal, precisam constar que não devem a conta de luz, água, condomínio, carro, pensão alimentícia, e claro que jogou e estar apto a levar a grana que todo lotérico, mesmo não indo apostar, quer levar.

Mas o que mais me chamou a atenção foi os lotéricos foragidos. Isso mesmo! Foragidos! Tentei entrevistar dois. Mais quando coloquei o microfone me pediram, imploraram e finalmente me obrigaram a desistir da entrevista. “Tenho parentes no interior que assistem seu jornal, e não quero que eles me vejam apostando”, declarou um deles. Por quê? Pensão alimentícia.

Que pena! Seria uma história tão boa de contar!

João Áquila
Enviado por João Áquila em 03/05/2009
Código do texto: T1573200
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