Adãozinho (II) – desbocado...

Adãozinho (II) – desbocado...

Além de ser muito inoportuno, Adãozinho, o bebinho chato também tinha um outro defeito: era abusado e, sempre que podia, não perdia a oportunidade de mal educado com tinha contato.

Num domingo (dia de encerramento da festa do padroeiro de Turvânia, São Gregório Naziazeno), chegou na feirinha, empurrando uma bicicleta - daquelas que pedia emprestado sem avisar o dono em algum ponto da cidade e, pelo jeito, estava numa ressaca medonha, pois o suor frio já corria pelo rosto.

A barraca de pastel do Dinego já estava apinhada de gente - todo mundo tratando de recompor as energias gastas na no forró da noite passada, consumindo muito pastel e caldo de cana. Ao lado, a pouco metros, estava, como sempre, o carrinho de churrasco do Tamamiro, onde a turma mais bruta de cpo rebatia a ressaca com uma braquinha e churrasquinho no molho de pimenta. Entre os dois pontos, tinha se formado as tradicionais rodinhas de amigos batendo papo, colocando os assuntos em dia ou, gastando tempo que sobra no domingão da festa.

Adãozinho caminhou direto para um grupo onde estavam uns fazendeiros e uns manda-chuvas da cidade, e já foi logo pedindo um "auxílio" de 5 reais à turma, que ficou naquele sem-gração do assunto interrompido pelo chato que eles conheciam bem.

Num primeiro momento, ninguém deu confiança. E ele foi girando ao redor do grupo, insistindo na coisa. Um deles, o doutor Leônidas, médico conceituado na cidade, viu que era melhor dar logo algum dinheiro e se livrar da incômoda presença do Adãozinho, para continuar no assunto bom de antes. Por isto, retirou da carteira dez reais e, todo cerimonioso, para fazer boa figura para os amigos e entregou ao bebinho, cheio de admoestações. "Olha lá hein, em Adãozinho!?, pega o dinheiro, mas não vai só encher a cara de pinga - isso tá acabando com você, rapaz (o que ele sabia dos atendimentos preliminares dos encaminhamentos de seguidas internações para desintoxicação, na capital)..."

Ah! O bêbado desbocado retrucou, na lata e, muito brabo e cheio de mise en scene: "Não, doutor; peraí! Voce só me dá o dinheiro. O que eu vou fazer com ele, é problema meu..."

E rumou para o carrinho de churrasquinho do Tamiro, com uma cara de meter medo, mas com o problema do "auxílio" do dia resolvido...