Rota alterada

Ela respirou fundo, vestiu sua alma com a calma de uma noite sem estrelas, alcançou a indiferença certa, na certeza de controlar o inviolável sistema dos sentimentos. Ao caminhar testou dezenas de vezes a segurança de um sorriso fugaz, estampado numa imagem 3x4.

Acelerou o imaginário inexpressivo, perfeitamente estremecido por invasões noturnas, sutilmente abandonadas em um canto qualquer de um quarto escuro, desfeito, refeito. Retomou seu rumo, sem prumo, num suspiro profundo de uma imagem propositadamente distorcida, enternecida, inutilmente esquecida...

No cenário de ruas nuas, caminhos que traçam questionamento, trânsito lento e sinais fechados ao desejo do esquecimento. Rotas inalteradas refazem paisagens devastadas no interior de um futuro desfeito.

Numa calma programada disfarça a profundidade dos sentimentos que espreita seus olhos, numa revolta declarada pelas horas aprisionadas travestidas de um efêmero vazio.

Numa frágil certeza do nada absorvido, caminha calmamente ao lado de um suspiro amigo, perdendo lentamente o reinado inexpressivo de uma certeza disfarçada, programada, alterada...

Sua voz desnuda a rara confiança depositada em suave brisa disfarçada de ventania, rara alquimia expressa em suaves sons metálicos. Espreita partículas descrentes do casulo empoeirado e sedento. Desfaz melancolicamente, sua crença nos portais figurados, apregoados no interior de sua insensatez.

Retoma seu rumo, seu prumo e parte com a força avassaladora de sua constante busca por novo (?) caminhar...