PERFIL DA SENHORA INVEJA
É noite!
As luzes se apagam e os pássaros se escondem por entre as arvores. Tudo se transforma e o encanto foge, dando lugar à escuridão, para que aquela senhora se faça presente. Senhora, que jamais pensa nas dores daqueles que por ele serão engolidos.
O sol como um ser amedrontado, se ausenta. Nuvens se formam para que aquela senhora, como uma escritora maquiavélica, escreva seu drama diário.
Ah! Senhora do castelo assombrado! O sol construiu solidamente uma filosofia de luz. Tu ainda tinhas a escolha de ser uma nova estrela, a iluminar em noites enluaradas. Mas, escolhestes a escuridão, pois que nada edificastes. Restou em tuas mãos essa mancha obscura, que conseguistes, como verdadeira bruxa, misturando uma porção de nada construir e uma porção de um líquido ainda maior chamado inveja.
A ti, Senhora do castelo assombrado, outros seres que nada tendo a construir, ou nada querendo construir, e que igualmente nada tendo a mostrar de concreto, e nenhum ideal a brilhar, se aliam numa tentativa de escurecer as almas e apagar a luzes que em outros se mostram a brilhar.
Amargamente serás aniquilada e engolida pelo liquido que deixas escorrer pelas mãos, sem ao menos ter a chance de gargalhar ante as lágrimas de suas vítimas.
Suas vítimas, num sorriso misturado em lágrimas, ainda a tremerem pela febre do susto, comentarão entre si, inocentemente: O que será que aquela senhora queria? Nem ao menos demos a oportunidade de pedir alguma coisa! Talvez estivesse precisando de algo! Quem sabe?
Ah! Maquiavélica Senhora estranha! Tu precisavas de algo e teus semelhantes também! Precisam de luz própria e de um ideal a construir. Precisavam, de forma urgente, cuidar de suas próprias vidas.
Mas, já é tarde! Tuas misturas endureceram-lhe os dedos das mãos e distorcem-lhes as veias do cérebro. Tuas porções dispersaram os glóbulos vermelhos e aniquilaram seus ossos.
Pobre Senhora inveja! Reduziu-se por inventos próprios a um pequeno verme e foste exterminada por tua própria porção... De nada construir!