Pânico - Cercado no trânsito de Goiânia.

Pânico - Cercado no trânsito de Goiânia.

Eu havia saído tarde do trabalho e, tudo o que queria era chegar em casa, tomar um banho, jantar e, ir dormir.

Entrei no carro e comecei a travessia da cidade rumo à região leste. Na Av. Atílio Correia Lima, tudo calmo. Entrando na T-2, sem problemas. Convergindo para a T-7, algum movimento de veículos na pista. Pegando a Assis Chateaubriand pela direita, o movimento noturno de sempre, mas sem a maluquice dos veículos em alta velocidade, de sexta-feira à noite. Subindo a 10, no sentido da Praça Cívica, tudo bem, exceto no sinal, onde as coisas sempre se complicam, motoristas insistindo em cruzar em x. Continuando na 10, depois da Praça Cívica, passando pela Praça Universitária, o movimento intenso de veículos no rumo das faculdades da UCG e UFG. Mas, três quadras adiante e o fluxo de carros diminui. Fazendo então a conversão à esquerda, já no final do Setor Leste Universitária, a ruazinha de sempre, para alcançar na Avenida Anhangüera, pouco antes dela cruzar a BR. Mas, ali, não tem jeito. Parada. Espera. E então, coloquei meu carro eu sua pista, sentindo o conforto de estar perto de casa. Mas...

De repente ouço a buzina de dois motoqueiros vindo lá atrás, os dois vem em alta velocidade, buzinando sem parar, um para o outro, aparentemente. Um acelera mais e, logo me corta e passa adiante do meu carro. O outro vem avança, na pista à direita (onde trafego), lá atrás.

O motoqueiro que me ultrapassou começa a frenar a motocicleta e, eu também. Na pista à esquerda, vai um carro e não posso ultrapassá-lo. O outro motoqueiro muda de pista e se aproxima de meu carro.

De repente, me sinto numa situação incômoda e perigosa, como se estivesse sendo tangido em plena avenida. Mais adiante, um sinal. O motoqueiro da frente, continua no meio da pista. O mesmo veículo continua ocupando a pista da esquerda. Atrás dele, o outro motoqueiro acelera a moto. Mas, estamos em frente a um posto de gasolina onde há um restaurante e intenso fluxo de pessoas e veículos. O que fazer? O que fazer? Pra chegar à casa, tenho que, fatalmente, descer a Avenida, a única que cruza a BR 153, num raio de oito quilômetros...

O sinal abre. O veículo da direita se põe em marcha o motoqueiro da frente, também. O veículo acela devagar, mas abre a pista e, então, o outro motoqueiro se aproxima. Estamos chegando agora ao sinal que precede à BR. O veículo consegue cruzá-lo no amarelo. O motoqueiro da frente freia bruscamente. Eu também aciono o freio e, o livro de haicai e meu celular, que estavam sobre o banco do passageiro, caem.

Então, o motoqueiro da esquerda encosta bem ao lado da porta esquerda. Olho para ele e ele, depois de olhar dentro do carro, olha fixamente para mim por intermináveis segundos. Volto meus olhos para dentro. Me lembro do livro e do celular. Resolvo, temerariamente, fiquei sabendo depois, pegá-lo no assoalho do veículo e colocá-lo de volta no banco.

Quando volto à posição, o motoqueiro da frente havia saído em disparada. Mas, o outro continuava lá. E, então, sem saber o que fazer, pergunto: "O que foi?" E ele responde: "Sê tá fingindo que pegou um revólver. Não tenho medo do senhor, não! O senhor não tem um revolver é nada...” E em seguida, um série de palavrões. E eu, francamente, entro em pânico.

De repente, no entanto, ele coloca marcha na moto e sai em disparada.

Cruzo a BR - 153 e, quando entro no novamente no corredor da Avenida Anhangüera (lugar onde é impossível uma manobra evasiva, por causa das calçadas altas) ele diminui a velocidade e leva a mão à cintura, apontando pra ela. Passo por ele. Acelero. Muito. Pista limpa. Mas, lá em cima, o sinal está fechado. Eu paro. E ele passa por mim, continuando na mesma via. Mas acelera o que pode, agora. Talvez temendo facilitar na identificação...

Incrível: Moramos no mesmo bairro!

O coração está à boca e minha mente está aturdida - não consigo imaginar porque tudo aquilo aconteceu - foi uma tentativa frustrada de assalto? Dois minutos depois, estou na porta de casa, buzinando descontroladamente para que me abram o portão e eu possa entrar em minha casa, e sentir um mínimo de segurança.

Mas, fico pensando: pego aquele trecho da tal Avenida todo dia, mais ou menos no mesmo horário. Como será amanhã?