E O SONO QUE NÃO CHEGA...

Duas da madrugada, a música que ouço é “Preludes and Fugues de Bach, executado ao piano por Glenn Gould; o livro que acabo de reler é “Werther” de Goethe. Pobre Werther, um sonhador apaixonado, não resistiu ao amor impossível de Charlotte e estourou os miolos com um tiro de pistola. Leitura encerrada, Glenn Gould encerra também o seu recital. Ligo o rádio e agora é a vez de Julio Jaramillo chorar as suas mágoas e pede para que “No me toques Ese Vals” porque Ella lo cantaba e elle já não quer lembrá-la, se sente bien estar solito e canta pra ex-amada: “ Me estoy acostumbrando a no mirarte / me estoy acostumbrando a estar sin ti / Ya no ti necessito / tu ya no me haces falta” . Ah, o amor... como sofrem as pessoas por este sentimento, pois não?

E o sono que não chega e já que não gosto de contar carneirinhos, deixo o meu pensamento divagar... mergulho no tempo e chego até Sócrates, ele que disse que nada sabia, no entanto, sabe o que ele disse sobre o amor em seus diálogos? Que era o único sentimento que ele podia entender e falar com conhecimento de causa. Já Platão imaginava o amor uma caçada, e não me pergunte o porquê, que nada sei. Outra coisa: alguém que você ama talvez se sentindo incomodado com esse amor já perguntou por que você o ama? Se um dia perguntar, você responda assim: Porque você permitiu, porque os seus gestos, palavras, pensamentos e ações conferiu permissão para tal. Dito isto, pega a tua viola, põe do saco, diz bye, bye e vai cantar noutra freguesia.

É... parece que o sono está chegando... e o bom disso tudo é que “ me stoy acostumbrando a estar sin ti”. Sem o sono? Ha ha ha... may be, may be not ...

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 17/05/2009
Código do texto: T1598694
Classificação de conteúdo: seguro