Essa noite sonhei...

Essa noite sonhei com um amor

Daqueles, que não deu para ser.

Amor sonho, ilusão, prazer.

Onde tudo é permitido: tesão, loucura, cumplicidade.

Mas não pode ser.

Talvez pelo fato de eu estiver escrevendo um livro no momento as imagens vieram fortes, coloridas.

Olhei para mim depois do sonho.

Não era mais aquela mulher do sonho.

Não pela idade, mas pelo sentir.

Meus valores outros.

Não pude deixar de sentir saudade dos momentos do sonho.

Mas senti a saudade sem vontade.

Como algo muito longe: porém acessível e possível.

Indesejável de ser revivido.

Você já viveu amor doença?

Aquele que dói, mexe com seu corpo, desorganiza?

Amor posse?

Foi esse meu amor.

Perdi identidade, mitifiquei, criei um personagem de contos de fadas.

No sonho nossos corpos eram jovens.

Sua barba pretinha.

Meu corpo esbelto, sensual.

Mas éramos dois corpos apenas.

Em momento algum houve entrega das partes.

Criávamos a figura desejada.

Foi assim mesmo!

Amor obsessão, sem razão.

Mas foi intenso na época.

Exatamente por não ser amor real.

Foi como esse sonho.

Passou.

Acordou.