Apenas meu cão me entende

Passeava pelo recanto das letras hoje pela manhã.

Alguns poetas leio frequentemente.

Dentre eles Gerson Boaventura, cujos textos e poemas me deslumbram.

São de uma honestidade, simplicidade e poesia que mexem comigo.

Detive-me numa frase encontrada num deles.

“Quem escolheu viver só deve estar preparado para morrer só”.

A frase fez-me repensar a solidão e a morte.

Da mesma forma a comunicação com os animais, pois o texto do autor refere-se a “apenas meu gato me entende”.

Pois é, poeta, apenas meu cão me entende também.

Ele consegue comunicar-se comigo além das palavras, apenas com gestos e uma empatia que os humanos não conseguem ter.

Sabe quando estou feliz, triste, necessitada de afagos e até mesmo quando preciso estar só.

Mas voltando à frase coloco alguns questionamentos.

O que é a solidão?

Quem não é só?

Por que ser só independe de companhia, não é?

Ser só é isolar-se do convívio social, familiar?

E a morte não será um momento de profunda solidão?

Do eu comigo?

O tema solidão sempre me fascinou.

Sinto-me só, e olha: gosto disso.

Não conseguiria responder por que.

Mas alguma vez alucino vivenciar essa solidão junto à natureza, sem sons humanos quaisquer.

Nunca ousei.

Falta-me coragem.

Será covardia?

Mas entendo a solidão do seu texto.

E honestamente senti um pouco de inveja do personagem.

Por que ser só é uma escolha corajosa, como a morte é um momento único de valentia.

Não sei se estou preparada para a solidão da morte.

Acho que ninguém está.

Mas será inevitável.

Virá.