Amor, Paixão e Apego

O homem tem a capacidade de criar condições para que seu espírito possa ascender-se nas escalas energéticas do mundo espiritual, podendo assim chegar a níveis de divindade, porém, se a sua escolha for em sentido contrário, ele irá, infalivelmente, atingir cada vez mais a patamares rasteiros, a ponto de chegar ao estado animalesco, passando então a agir de forma selvagem, vindo a ser dominado pelos instintos próprios dos níveis inferiores, que desconhecem a razão e os sentimentos nobres, representados em primeiro lugar pelo amor.

Se analisarmos as palavras amor, paixão e apego, vai nos parecer que tudo não passa de expressões que retratam o mesmo sentimento, apenas diferenciando-se pelo grau de intensidade conforme ele se manifeste. Acontece que o apego não tem nada a haver com o amor, pois, ao contrário deste, ele tem uma profunda característica tipicamente egoística, fazendo as pessoas a agirem de maneira contrária ao senso humanitário de vida; vejam que é próprio do apego as atitudes de ciúme, de insegurança, de medo, de inveja, de mágoa, de vingança, de impaciência, e assim por diante, portanto ele é apenas e tão somente o resultado da centralização do ser humano para o redor de si mesmo.

Mostrarei duas formas muito marcantes de apego, quais sejam: primeiramente com relação à sensação de “perda” – temos como exemplo o que acontece quando alguém se desespera, de forma exagerada, quando da morte de um ente da família, pois vamos sempre escutar frases como estas – “Meu amor, por que você me deixou?”, “O que vai ser da minha vida, agora?”, “Deus não podia ter feito isso comigo” . . . – acho que ficou bem claro, não? Outra forma de apego exagerado acontece toda vez que alguém “entra em depressão” – essa situação doentia nada mais é do que a mais forte manifestação do ego – passa a ser também uma forma de chamar a atenção dos outros para si, com isso transformando-se em “coitadinho”, alimentando assim o seu amor-próprio, o que é uma característica típica dos autoindulgentes.

A paixão é o resultado de uma situação anormal, onde o amor já foi ultrapassado, já saiu do eixo, já entrou no campo do apego fanático, podendo assim ser o causador de desgraças mil, como, por exemplo, tumultos violentos até com mortes, em nome do “time do coração”; pior ainda, quando alguém assassina o seu “maior tesouro”, por traição ou coisa parecida, e ainda se justifica, dizendo: “Matei por amor”!!!

O amor não é apenas um sentimento nobre, pois ele também atinge os níveis mais elevados do divino, por essa razão não é qualquer um que consegue praticar corretamente essa natural arte de viver, porque o homem vem há séculos complicando tudo o que é simples, e, assim, vem se distanciando cada vez mais da felicidade que tanto procura, pois já faz dois mil anos que foi dito: “Ama o próximo como a ti mesmo”, e também revelado há pouco mais de setenta anos: “Se quiser ser feliz, faça primeiro a felicidade do próximo”. Há quem diga conhecer um animal de estimação que tem muito amor pelo dono. _Santa ignorância, nenhum animal irracional tem o dom de amar, sendo prerrogativa apenas dos seres humanos, e vejam que mesmo a grande maioria destes não sabe como usá-lo, chegando até a considerar o apego como sinônimo de amor, quando, na verdade são antíteses. O animal parte em defesa do dono, porque não quer correr o risco de perder aquele que o protege, que o alimenta, que o acalenta, dando mostras de grande apego (sensação de perda), que é próprio e característico do mundo selvagem.

O homem pode chegar a níveis divinos, sem dúvida, quando conseguir entender e praticar o altruísmo e começar a desfrutar das benesses que essa ação proporciona, pois as energias positivas, nascidas da gratidão dos nossos semelhantes para conosco, são a razão da construção da nossa felicidade. Infeliz é aquele que se deixa levar pelo apego, ou pela paixão, criando toda sorte de prejuízo ao próximo, passando então a atrair para si os sentimentos negativos de ódio, de vingança etc., entrando assim em um caminho de autodestruição, que muitas vezes arrasta até os próprios descendentes, portanto todo cuidado é pouco – vamos nos humanizar e deixemos de cultuar a selvageria. _Só o amor constrói.

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 21/05/2009
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