VIDA

Tenho pensado na maluquice que é a vida.

Buscamos intimidade, envolvimento pessoal e quando acontece morremos de medo.

Quantas vezes fugimos!

Sempre fui corajosa.

Ousei.

Nunca me bastou existir apenas.

Vivi tudo muito intensamente.

Não me arrependo por tê-lo feito.

Nem mudei.

Continuo assim: inconformada, desafiadora.

Fiz escolhas conscientes.

Outras na pura intuição ou até instintivas.

São as melhores!

Tive vida difícil.

Considero um privilégio.

Na facilidade nada se aprende.

Conheci o bem e o mal.

O pecado e a virtude.

O certo e o errado (sic!).

Algumas vezes julguei e fui julgada.

Estive na vida das pessoas.

Em algumas permaneci.

Noutras apenas passei.

Não ficaram marcas para ambas as partes.

Já estive profundamente infeliz.

Desesperadamente feliz.

Tive meu peito dilacerado por um amor que julguei ser meu: não era.

Descobri depois que não foi amor, mas doença.

A possessividade imperava e a obsessão dominava.

Viver pode ser divertido.

Ou triste.

Depende da forma que permito que as coisas aconteçam ou interfiram em mim.

Aceito com tranqüilidade os impossíveis.

Dispenso o indispensável (é um desafio)

Costumo ter resistência e tolerar o intolerável.

Aprecio a liberdade e a intensidade de tudo.

Especialmente das emoções.

Gosto de viver.

Vou morrer e sei que não posso escolher como será.

Mas se estou viva é por que ainda não terminou.

Respiro fundo.

Aceito a vida que há em mim.